Em tempos de pandemia, fomos pegos de surpresa pela necessidade de confinamento e isolamento social necessários para conter a proliferação do vírus. Mesmo depois dos meses iniciais, ainda precisamos da conscientização a respeito da doença que ainda não tem cura. Se você mora na Europa, ou planeja uma mudança para terras lusitanas, saiba tudo com quem está morando em Portugal em tempos de coronavírus. Confira no artigo a seguir.
Como é estar morando em Portugal em tempos de coronavírus
Nunca imaginei ter que usar máscara para passear na rua ou ter a liberdade de ir e vir comprometida. Muito menos imaginei passar por uma pandemia. Fui surpreendida, fomos todos pegos de surpresa. Imaginei 2020 como um ano de recomeço. Afinal, era para ser o meu recomeço, a nova fase da minha vida depois da mudança de país e depois da adaptação.
Deveria ser o ano em que as coisas começam a dar certo. Mas, ao invés disso, o mundo parou e fazia apenas um ano desde que cheguei em Portugal.
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No começo da pandemia, lá para fevereiro, não acreditei que isso iria nos afetar tão diretamente. Depois que o primeiro confinamento foi decretado, no dia 13 de março, confesso que fiquei abalada. Fiquei com medo não do vírus em si, mas das consequências dele. Fui às compras de máscara, luvas, casaco e munida de uma lista para não ter que sair de casa tão cedo. Não fiz estoque de alimentos, mas fiz compras para um mês, algo que geralmente não acontece na minha rotina.
Morar em Portugal em tempos de coronavírus me deu uma certa segurança. Vi um país preparado, uma população respeitosa às regras e um número baixo de vítimas. A sensação de estar em Portugal foi de estar mais protegida ao vírus. Porém, foi uma das poucas vantagens de estar confinada durante dois meses.
A distância da família ao morar em Portugal
Enquanto eu sabia que estava segura em um país com poucos casos e com a pandemia relativamente controlada, estava longe da minha família e dos meus amigos no Brasil. E, claro, sofri por eles. A saudade é algo constante no dia a dia de quem muda de país e viver no meio de incertezas faz com que ela aperte a cada dia mais. Todos ficaram bem, estavam se cuidando e protegidos como podiam, mas estar longe me deixou aflita.
Nesse momento, eu preferiria estar ao lado da minha família, mesmo sabendo que a situação no Brasil era dez vezes pior do que em Portugal. Ainda mais com as fronteiras fechadas e a impossibilidade de viajar, caso fosse necessário. Mas, por incrível que pareça, nesta época consegui estar mais próxima de todos, já que encontros virtuais ganharam espaço e, pelo menos assim, eu pude estar junto. Mais um ponto positivo para o confinamento.
Uma luz no fim do túnel
E assim passaram-se dois meses, como num piscar de olhos. Dois meses lavando embalagens, dois meses trocando a roupa ao chegar da rua, dois meses se exercitando na sala. Lá fora, as árvores floresciam anunciando a primavera e eu torcia pelo início do verão, que diziam ser a estação de menor propagação do vírus. Os números baixaram, os passeios foram liberados gradualmente e já não havia filas nos mercados.
Lembro até hoje de quando vi o mar e senti o vento no rosto, depois desse curto e intenso período. Eu já não estava mais aflita e relembrei dos motivos que haviam me feito tomar a decisão de mudar de país. Aos poucos, parecia que as coisas estavam se ajeitando e Portugal se preparava para o verão. Com os cuidados necessários, distanciamento social, limite de pessoas por metro quadrado e novas regras para, finalmente, curtir o tão esperado verão.
O novo normal morando em Portugal em tempos de coronavírus
Mesmo os números do coronavírus estarem estáveis, preferi não abusar. Não estive em aglomerações, não frequentei muitos locais fechados e estive em contato apenas com pessoas mais próximas. O meu município disponibiliza testes sorológicos gratuitos para todos os residentes. A qualquer momento, é possível agendar e saber se você já teve contato com o vírus. Porém, como não tive nenhum sintoma ou desconfiança, ainda não o fiz. Antes da volta às aulas, todos os professores também puderam ser testados.
Além disso, o resto do país teve um bom apoio do Sistema Nacional de Saúde para as suspeitas e casos confirmados de coronavírus. Há um aconselhamento pelo telefone e, se necessário, o encaminhamento e realização de testes. Por outro lado, os atendimentos regulares da área da saúde, como consultas preventivas e exames ficaram comprometidos, já que foram adiados e muita gente ainda está com medo de sair para locais de maior risco.
Saiba o que mudou em um ano de pandemia em Portugal.
A segunda onda em Portugal
Apesar dos esforços para controlar a pandemia, Portugal não escapou ileso à segunda onda. O Sistema de Saúde não teve tempo suficiente para se preparar e nem para remarcar tantos atendimentos perdidos durante a primeira fase. Agora, sinto que o medo do vírus em si passou. Não só o meu, mas dos portugueses no geral. A preocupação maior não é mais com a saúde, mas sim com o sustento.
A primeira onda deixou sequelas irreparáveis na economia de Portugal. Foi triste ver pessoas morrendo, mas também foi triste ver negócios fechados, empresas falidas e muitos desempregados. Embora haja apoio do governo, a crise do coronavírus já chegou e essa preocupação é muito visível, não só em Portugal, como em toda a Europa.
Novas medidas restritivas são fundamentais
O mês de novembro e a chegada de dias mais frios trouxeram novas medidas restritivas para o país. É preciso andar de máscara a qualquer momento, mesmo ao ar livre, salvo quando for possível o distanciamento. Retornamos ao estado de emergência, com dever cívico de permanecer em casa, sair apenas quando necessário e não estar em grupos com mais de 5 pessoas.
Todo o comércio deve fechar às 22h, mas restaurantes podem ficar até 22h30. Porém, tudo está aberto e as escolas ainda estão com aulas presenciais. Apenas o teletrabalho é obrigatório, em trabalhos que tenham essa oportunidade. Neste novo cenário da segunda onda, vejo o governo português menos preparado do que antes. Muitas medidas restritivas não fazem sentido, agora que conhecemos um pouco mais sobre como o vírus se comporta. O desagrado da população é notável.
O governo não prevê um novo confinamento, mas só vejo isso acontecer se as pessoas colaborarem. Cada um precisa fazer a sua parte dentro do todo para sairmos sem consequências mais desastrosas do que a primeira onda. Hoje, sinto as pessoas esgotadas, cansadas e ansiosas para que tudo volte ao normal.
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