Muitas famílias que estão em processo de mudança para Portugal decidem que um dos membros da família vai se mudar primeiro e os demais seguem logo depois. Mas será que a ideia do “vai na frente que eu te alcanço” é mesmo boa? Será que isso funciona?

Confira na coluna a minha opinião sobre esse assunto.

“Vai na frente que eu te alcanço”: será que isso funciona com quem quer mudar para Portugal?

Dia desses fui abordado por uma pessoa pedindo minha opinião sobre sua situação. Contou-me que ela, o marido e a filha de 7 anos vão se mudar para Portugal em 2024.

Os 3 têm cidadania portuguesa. O marido é um pequeno empresário e trabalha online. Ela é servidora pública e não pretende sair do trabalho tão cedo para mudar de país. Sua intenção é mandar o marido na frente, já no início de 2023. Ela e a filha viriam em 2024 quando tudo já estivesse estabilizado.

Contou-me que tem muito apego pelo trabalho, que se sente super enturmada e está com medo de perder isso tudo. Também disse que não quer que a filha fique longe dos amigos da escola e tem medo que ela não se adapte em Portugal.

Ela queria saber minha opinião, se seria uma boa mandar o marido na frente neste processo de imigração. Eu fui sincero: acho que não.

Porque eu não acho uma boa ideia

Infelizmente, muitas pessoas enxergam a mudança de país sem o devido peso que ela tem.

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Temos a sensação de que Portugal é um primo distante, com o qual podemos contar a qualquer momento. Quem encara a imigração como uma simples mudança de bairro ou uma aventura acaba se frustrando rapidamente.

Quando se chega em um novo país para morar é necessário enfrentar uma longa burocracia, nada agradável (como se alguma burocracia fosse, né?). Tirar documentos, procurar imóvel, refazer a vida. Você olha para os lados e só vê coisas com as quais não estava acostumado. Suas referências ficaram no Brasil.

Vamos supor que você passe mal e precise de ajuda de alguém, sendo um recém-chegado. Será que vai ser tão fácil assim? A sua rede de apoio simplesmente evapora quando o avião decola do Brasil. Amigos e familiares podem te dar suporte pela internet, mas e o ao vivo e a cores?

Como fica quem se muda primeiro (e sozinho)

Coloque-se no lugar do marido dessa pessoa que pediu a opinião. Resolver a parte burocrática vai ocupar sua mente por alguns dias, mas e depois? O que ele faz sem a família? E toda carga emocional de recomeçar a vida longe deles? Não serão alguns dias de afastamento da mulher e da filha e sim mais de 1 ano.

E será que a mulher se tocou exatamente do que está propondo? Os obstáculos de uma imigração são um pouco mais leves quando temos alguém ao nosso lado para dividir as incertezas e frustrações.

Mulher trabalhando em casa com filha
Quem fica no Brasil também precisa lidar com as dificuldades de estar só.

Mandar o marido na frente para resolver coisas burocráticas vai aliviar um pouco o peso para o lado dela, mas não vai livrá-la de ter de lidar com essas situações desagradáveis assim que chegar.

Mudar requer muito desapego

E vou mais longe. Respeito o fato das pessoas terem um certo apego ao seu trabalho, mas o que é uma mudança de país senão uma renúncia atrás da outra? Se alguém não consegue se ver longe da atividade profissional que desempenha hoje, será que não é o caso de repensar a mudança de país?

Se você quer crescer, tentar uma nova vida e expandir seus horizontes, prepare-se para uma certa dose de incômodo. Cada escolha é uma renúncia, meu caro.

Não adianta querer mudar para Portugal e só querer o bônus. O ônus vem junto. Mudança, seja ela qual for, é sinônimo de renúncia.

E requer muita reflexão também

Quando surge a ideia de deixar o Brasil, isso precisa ser discutido de forma incansável. É necessário analisar os pontos negativos e positivos. Decisões tomadas no calor da emoção sempre tendem a ser ruins.

Se você não consegue se ver longe da sua carreira profissional, de amigos e familiares ou do clima tropical do Brasil, talvez Portugal não seja pra você.

Entenda como lidar com a ansiedade na imigração.

Às vezes o “vai na frente que eu te alcanço” é a única solução

Ok, também me coloco no lugar daqueles que não encontraram outra solução e foram obrigados a separar a família para mudar de país.

Há inúmeros casos de pessoas que não tiveram outra saída a não ser seguir rumos diferentes por um tempo, enquanto as coisas não se acertavam. Não é uma decisão fácil.

Família em abraço de reencontro
Se a separação for inevitável no momento da mudança, pense no reencontro

Disse para a pessoa que me abordou que a decisão final obviamente era dela, mas que não gosto muito da ideia de “mandar alguém na frente”. Para mim, é o tipo de situação que gera tensão em quem vai e em quem fica. De um lado, o peso de enfrentar tudo novo. Do outro, a ansiedade de saber como tudo está acontecendo. Administrar essas emoções não é para os fracos.

O cenário ideal

Minha sugestão é que sempre que possível a família passe por este processo unida. Perrengue que se passa unido vira piada mais tarde. Perrengue que se passa sozinho pode virar trauma.

Você pode até discordar, mas acredito na velha máxima “Unidos, venceremos”. Acredito que todos são peças importantes quando se deixa o Brasil rumo a um novo país. Cada um representa uma pequena parcela do resultado final. Quando alguém falha, todos podem se unir novamente para se levantar. Quantas vezes forem necessárias.