O mundo inteiro vive um momento delicado. O coronavírus (Covid-19) se alastrou na Europa, colocando o continente no epicentro da pandemia. Especialistas declararam que o pico da contaminação deve acontecer em abril, isto significa que o confinamento irá se alongar e é preciso estar preparado. Para os que moram no exterior, é difícil saber o que vai acontecer. Confira no artigo abaixo os depoimentos de brasileiros em quarentena na Europa.

Depoimentos dos brasileiros em quarentena na Europa

Brasileiros que foram viver na Europa em busca de oportunidades melhores e também qualidade de vida, relataram para o  Euro Dicas como estão lidando com o confinamento, os receios, a nova rotina e também a preocupação com os familiares no Brasil e amigos próximos.

Brasileiro em quarentena na Itália

Depoimento de Ruan Alves

Ruan Alves tem 29 anos, é trabalhador em um estabelecimento de galvânica em Monsano, na Itália, e vive no país desde 2009.

Como foi afetado

Estou em quarentena desde o dia 13 de março. As primeiras semanas foram tranquilas, as dificuldades principais são de não poder sair de casa para passear e estar com os amigos.

Como está a situação na sua cidade

Na cidade onde eu vivo as ruas estão todas vazias, sendo uma cidade pequena (cerca de 6000 habitantes) teve poucos casos do vírus (13 casos confirmados até agora, 3 mortos e 1 cura), mas mesmo assim todos estão levando muito a sério a quarentena.
O governo impôs o fechamento de todas as atividades comerciais não essenciais para a economia e para os serviços básicos de saúde e comércio de alimentares. As ruas são patrulhadas 24 horas pelas forças armadas e só se pode sair de casa por motivos de saúde, para comprar alimentos ou por situações de perigo ou de emergência.
E caso se deva sair de casa se deve carregar consigo um módulo de auto-certificação justificando o motivo de ter saído.

Ruan Oliveira
Imagem do arquivo pessoal de Ruan Oliveira

Até o dia de hoje ainda não sabemos quando vai acabar a quarentena, porém os dados sobre a contaminação são positivos, demonstram que o número de pessoas curadas já ultrapassa os 37% do número de infectados.
Então a quarentena funcionou e em breve o país poderá reabrir tudo e voltar ao normal.
Leia também o artigo sobre os brasileiros que estão retidos na Europa em tempos de coronavírus.

Brasileiras em quarentena na Espanha

Depoimento de Teresa Lenzi

Teresa Lenzi é professora aposentada e vive em Barcelona há um ano.

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A quarentena no país

Estamos em quarentena nacional, por decreto-lei,  desde o dia 14 de março quando já se havia identificado em torno de 4.231 casos de pessoas infectadas, e 120 falecidos por coronavírus. Mas, já estávamos seguindo medidas extraordinárias indicadas pelo Governo desde o dia 09 de março quando eventos públicos foram cancelados e escolas começaram a ser fechadas.

Limitações impostas

Esta quarentena nos obriga ao confinamento absoluto, apenas permitindo-nos sair de casa para a aquisição de alimentos, remédios e assistência médica, e ainda levar os animais de estimação para que façam suas necessidades em locais apropriados (de preferência no entorno da residência dos donos e que não transcenda a 200 metros).
Ao passo das semanas as medidas foram sendo intensificadas e há 3 dias todos os setores considerados não essenciais à vida foram obrigados a cessar todas as suas atividades, e mais quinze dias de isolamento foram aprovados nesta segunda-feira (30/03) no Congresso.

Colon en solitário en quaentena 2020
Imagem da Avinguda Drassanes vazia do arquivo pessoal de Teresa Lenzi

Como está sendo enfrentar a quarentena

Viver um quarentena para mim não é uma novidade, e lembrei disso somente há alguns dias depois de termos iniciado este novo confinamento. Sou de uma pequena cidade do Brasil que faz fronteira com a Argentina, e que está separada desta pelo rio Uruguai.
Durante minha infância e adolescência lembro ter vivido duas grandes enchentes que inundaram literalmente a cidade e deixaram minha casa na condição de ilha. Não podíamos sair porque não havia para onde ir já que a cidade ficava, nestas ocasiões, praticamente toda embaixo d’água.
Essa experiência que estou vivendo agora tem se revelado muito mais complexa e imprevisível, porque decorre da manifestação de um vírus sobre o qual pouco se sabe, porque a administração da minha vida e daqueles que estão sob minha responsabilidade dependem exclusivamente de mim, e, mais especialmente, pelo fato de que o grande prejuízo,  irrecuperável, reside na morte de muitas pessoas.

Como os espanhóis têm enfrentado a situação

Em geral a população tem respeitado as orientações maioritariamente, e por sua vez, a vigilância policial é frequente, razão pela qual, neste momento, Barcelona é uma cidade fantasma, pelo menos desde até onde minha vista alcança desde a janela, ou de quando vou à rua levar “la perrita” para fazer suas coisinhas, ou quando vou a cada vários dias até o mercadinho mais próximo de casa.
Vivo a duas quadras da “rambla” principal da cidade, e quando me aproximo da esquina, o que vejo é um avenida absolutamente vazia com todas portas e janelas do entorno fechadas.

O que espera nos próximos tempos

Nesse momento terrível de uma pandemia que tem matado em torno de 800 pessoas ao dia, pelo menos aqui na Espanha – tecnologias amenizam distâncias e facilitam acesso a serviços.
E, mentalizo diariamente em favor da vida, em favor daqueles que tem que sair a trabalhar, daqueles que tem que cuidar dos afetados pelo vírus, e pela família daqueles que se encontram enfermos ou faleceram. Espero que depois desta experiência aprendamos a valorizar um pouco mais a vida em seu conjunto.
quarentena em Barcelona

Depoimento de Clarice Cavalcanti

Clarice Cavalcanti vive em Barcelona desde junho de 2016 e trabalha em um hotel.

Com a quarentena a tem afetado

Por viver em uma metrópole, minha vida sempre foi cheia de atividades, mas por ser inverno minha rotina é bem caseira. Obviamente sempre que possível comer tapas com os amigos é um momento bem-vindo e agora não dá.

Como está a situação na cidade onde vive

A situação aqui em Barcelona é bem rígida, mas mesmo assim poderia ser mais. As ruas estão vazias e o mínimo de serviço é oferecido, supermercados e farmácias estão abertos, mas até a mercearia aqui perto da minha casa fechou essa semana.
Muitas empresas na Espanha apresentaram um despido temporal (ERTE) que protege um pouco o trabalhador. A empresa que trabalho atualmente se converteu em “hotel Salud” ajudando assim as UTI’s a desafogarem um pouco e receber pacientes que realmente precisam.

Limitações

Aqui só pode sair com o cachorro em um perímetro limitado do seu endereço. Se vai ao trabalho ou qualquer outra direção que não seja a compra de alimentos ou fármacos, tem um documento na página do governo para que possamos preencher e ter em mãos, caso a polícia te parar.

Clarice Cavalcanti
Imagem do arquivo pessoal de Clarice Cavalcanti

Faltam equipamentos de proteção

A falta de equipamentos de proteção é grande, razão pela qual a maioria dos médicos e enfermeiros também estão em quarentena. Falta sempre material de proteção, mas acho que o vírus da solidariedade também invadiu um pouco as nossas vidas e tem muita gente doando muitas coisas.

Brasileiros em quarentena na França

Depoimento de Márcio Oliveira

Márcio Oliveira, 47 anos, é um dos brasileiros em quarentena na Europa – analista de sistemas em uma empresa do segmento de alimentação. Natural do Rio de Janeiro, vive na França há 3 anos e 2 meses.

Como foi afetado

Eu trabalho no centro moderno de Paris, e no momento eu estou no conhecido “desemprego técnico”, não estou fazendo home-office porque o meu posto não permite trabalhar de casa. Eu trabalhei até o início deste mês e, em virtude do confinamento, tive que parar.
A empresa cuidou de todos os trâmites para eu receber o auxílio-desemprego, que é chamado de auxílio-desemprego técnico. Logo que o confinamento acabar, eu vou retornar às minhas atividades na empresa que é do ramo de alimentação.

Marcio Oliveira é um dos brasileiros em quarentena na Europa
Foto do arquivo pessoal de Márcio Oliveira

Como está a situação na sua cidade

Moro em uma cidade vizinha de Paris, chamada Saint Ouen. Saí na rua apenas 2 vezes, para ir à padaria e também ao supermercado.
Não tenho visto muita gente na rua, e as poucas que eu vi estavam usando máscaras e luvas. Não consegui comprar máscara porque está em falta, mas tenho usado luvas.
Todos os funcionários do mercado estavam usando máscaras e luvas e ainda tem uma boa oferta de produtos, e eu tenho comida para aproximadamente 15 a 20 dias.

Como está enfrentando o confinamento

Estou tranquilo em relação à pandemia, tenho todos os cuidados com a higiene. No trabalho, antes mesmo de começar o confinamento, eu já não estava apertando a mão ou abraçando as pessoas, e conversando com elas com uma certa distância.
Durante este confinamento, tenho tido aulas virtuais, pois estou fazendo uma pós-graduação e alternando com as atividades domésticas como limpeza da casa.
Vejo também o noticiário, mas não o dia inteiro. Tenho também lido, estudado idiomas e assistido filmes. Tenho expectativa que a França comece a se reorganizar economicamente, mas a minha área de atuação (informática) não tem sido muito afetada, até porque é relacionado a alimentação.
Então, é muito provável que não hajam demissões, mas tenho amigos de outras áreas, principalmente de turismo, que vejo que serão muito impactados. Na verdade, já estão sendo. Eu tinha viagens agendadas na Páscoa, e no final de semana passado eu iria viajar de trem para Luxemburgo. Foi tudo anulado e acredito que o setor de turismo vá sofrer bastante.

Contato com a família no Brasil

Estou sempre em contato com a minha família e amigos do Brasil e estou muito preocupado. Primeiro por conta do governo, da presidência da república.
O presidente Jair Bolsonaro é um homem muito despreparado, mas acredito que os governadores irão atuar bem principalmente do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, onde os focos são maiores, e no Nordeste também.
Aqui na França, as pessoas não estão se visitando. Existe um cuidado maior com os idosos e os netos porque as crianças podem passar o vírus para os avós e aí fica muito complicado. O índice de idosos infectados é muito alto aqui.

Há produtos em falta na França

Falta álcool em gel em algumas farmácias também, mas eu tenho um pequeno estoque em casa, o que ajuda bastante. Se saio na rua, uso luva e passo álcool gel sempre, tenho todos os cuidados.
Moro em um apartamento de 50 metros quadrados e tenho um terraço e um jardim o que é um grande facilitador, mas muitos amigos moram no centro de Paris, na zona central da cidade e moram em aptos muito antigos. São aptos sem elevador, às vezes sem janela/vista.
Alguns moram em dormitórios de 20 metros quadrados com uma pequena janela, porque vieram para França para estudar. Eu tento pegar sol para produzir vitamina D e “sair” um pouco de casa, da clausura do apartamento.”

Depoimento de Giovanna Magrini

Giovanna Magrini tem 45 anos e é mediadora de Saúde Pública. Natural de Bauru (São Paulo) vive em Paris há quase 20 anos.
“Quando eu saí do Brasil, há quase 20 anos, eu sabia que eu iria encarar coisas horríveis fora do meu país e o “azar” me trouxe para a França.
Quando vim para a Europa, o destino seria a Espanha. Porém, na conexão em Paris, perdi o voo e decidi ficar na cidade. Então, encarei situações bem piores do que o coronavírus quando cheguei aqui.
Viver num país sem dinheiro, sem documento europeu, sem falar o idioma, sem ter onde morar, além da incerteza de não saber o que ia comer no dia seguinte. Então, o coronavírus para mim não é uma surpresa.

Giovanna Magrini
Foto do arquivo pessoal de Giovanna Magrini

Como está enfrentando o problema

Não estou com medo. Até porque, por ser uma mulher transgênero, o que eu já sofri na minha vida até aqui… Para quem já morou na rua em São Paulo.
Estou lidando bem com isso, na medida do possível. Eu nunca fui uma pessoa que gastava muito, sou equilibrada quanto a dinheiro, sei economizar. Por enquanto, estou bem, mas tenho lidado com a situação com muita compaixão aos que estão necessitados aqui na França.

Como está a situação na cidade onde vive

Eu tenho pena dos idosos, que estão morrendo em massa aqui na França. Tenho pena das pessoas sem teto. Parece que agora farão alguma coisa por eles, não sei ao certo, mas ainda tenho visto muitos dormindo nas estações de metrô, algo comum aqui em Paris.
Tenho pena dos imigrantes sem documento francês, que não vão fazer parte do programa social que o nosso presidente já comunicou na televisão. Que quando a pessoa trabalha e paga imposto… quando tem um contrato de trabalho, ela pode ficar em casa sem trabalhar porque ela vai receber 70% do salário e não vai perder o emprego, e quem está desempregado vai receber um valor como seguro desemprego até a pandemia passar.
Essas pessoas desempregadas, elas já trabalharam aqui, elas pagaram suas previdências enquanto estavam trabalhando e isso conta como se a pessoa tivesse colaborado durante um tempo e aí ela pode receber de 6 meses a 1 ano de seguro desemprego.
Então essas pessoas estão bem asseguradas. Elas são franceses, europeus que vivem aqui e são também imigrantes documentados, como eu.

Brasileiros irregulares passam por situação difícil

Eu tenho muita pena dos latinos americanos, os brasileiros que vivem no “negro” (clandestinidade), trabalhando sol a sol para sustentar a família no Brasil.
Conheço muitos, alguns estão me ligando, enviando mensagens via Facebook. Eu choro quando as leio e rezo para Deus para que essa situação acabe logo.
Eu sou uma privilegiada, mas já são 20 anos aqui. Lutei muito, eu tenho carta de residente e este ano peço a minha naturalização. Moro em um apartamento do Governo, então eu sou uma pessoa privilegiada, mas eu lutei para estar aqui.
Tenho muita empatia pelo meu povo brasileiro que está aqui sofrendo, tanto que eu fiz uma compra no mercado para 3 meses porque não sei se a qualquer hora alguém pode bater à minha porta precisando comer alguma coisa e vai ter o que comer. Foi o que aconteceu há 10 dias na minha casa, uma turma de amigos veio comer aqui comigo.

Como está Paris de quarentena

As ruas não estão totalmente vazias. Vejo pessoas correndo para baixo e para cima. Nós saímos de casa com um atestado de saída e nela tem 4 desenhos de casinhas para pessoa marcar o motivo da nossa saída.
Se a pessoa não sair com esse atestado e não provar porque está saindo, recebe uma multa. Se resistir, gritar, brigar, a polícia algema e leva preso. A regra é não sair de casa por motivos desnecessários, é para sair quem trabalha, levando atestado de trabalho, um contrato de trabalho provando que está indo trabalhar.
Pode sair na rua para comprar comida, porém haviam idosos que estavam saindo de casa para comprar somente 1 litro de leite ou 1 baguete e eles são o grupo de risco. Então, hoje está proibido sair de casa para comprar apenas 1 item, tem que sair a cada 3 dias para comprar os itens. Aconselharam a comprar 5, 6, 7 pães, congelar, porque não vai poder sair no dia seguinte para comprar de novo.

Há pessoas que não respeitam o confinamento

Então está tudo bem restrito. As saídas estão sendo todas controladas, mas eu vejo da minha janela crianças passando, pai de família caminhando com carrinho de bebê, casais saindo. Não sei como está sendo este controle, porque eu já estou confinada há 1 mês.
Quinze dias antes de ocorrer o confinamento na França, peguei uma gripe muito forte, os médicos do meu trabalho me liberaram e logo depois veio a regra do confinamento. Nestes primeiros dias, fiz uma reserva de comida, mas vejo pessoas aqui que não estão respeitando.
Não sei como as autoridades/policiais estão lidando com isso. No bairro onde moro, tenho visto pessoas circulando nos mercados, padarias, mercearias, pegando ônibus e metrô. Não sei como está sendo esse controle. Tenho estado sozinha em casa, não estou recebendo visitas, bater papo só por vídeo-chamada.

Faltam equipamentos de higiene e segurança na França

Falta álcool em gel nas farmácias e supermercados daqui. Luvas e máscaras também estão faltando. Tá difícil achar esses itens, mas comida não está faltando. Tem limite de entrada nos estabelecimentos.
Nos supermercados, só entra a cada 30 pessoas. Nas farmácias, de 3 em 3 ou de 4 em 4 pessoas, o mesmo em padarias. Tabacaria somente uma pequena janela aberta para comprar cigarro. Nenhum bar ou restaurante está aberto, mas açougues e outros lugares mencionados estão funcionando ainda.

Brasileira em quarentena em Portugal

Depoimento de Lenilda Mathias

Lenilda Mathias tem 57 anos e é atendente em um restaurante. Natural de São Paulo, vive em Portugal há 1 ano.

Como está enfrentando a quarentena

Se eu lhe disser que não estou com medo, estarei mentindo, pois todos nós estamos com medo. Estamos lidando com algo que não conhecemos e tudo que é desconhecido é complicado. Estou passando bem pela quarentena, pois sei que ficando em casa eu estou me protegendo e protegendo as outras pessoas também.
Não é fácil de uma hora para outra ter sua vida ser transformada. Mas, assim como eu, tem muitas outras pessoas na mesma situação, e também me coloco no lugar do outro.
A vida mudou da noite para o dia. Um dia você tem um trabalho e logo em seguida não tem mais. Você não pode tomar um café com a sua amiga, não pode fazer uma caminhada na praia, não pode ir a um outro bairro… Então, está muito complicado lidar com isso. É como se a sua vida fosse tirada de você, sua liberdade, mas precisa ter essa consciência que tem que se proteger e proteger ao outro.

Lenilda Mathias
Imagem do arquivo pessoal de Lenilda Mathias

Eu estou tranquila, sem receios de pegar o coronavírus. Não estar trabalhando tem me trazido preocupações, mas não a preocupação de ficar doente. Tenho conversado com alguns amigos,isso vai passar, como muitas coisas em nossa vida. Temos que entender a causa de tudo isso, por que isso está acontecendo? Não somente aqui em Portugal, mas no mundo. É uma questão muito maior do que podemos imaginar, é um momento de reflexão.

Como está a cidade onde vive

Eu vivo em Setúbal que é uma cidade praiana, aqui está tudo fechado como a maioria dos lugares, só funciona serviços essenciais, se você vai ao mercado tem uma limitação de pessoas para entrar, farmácia, etc. Fora isso, tudo fechado.
Vamos olhar para vida com esperança no futuro, e espero que um belo futuro nos espera porque o mundo não é mais o mesmo, nada é a mesma coisa, vejo como uma transformação.
Veja como está a situação do coronavírus em Portugal.

Brasileira em quarentena na Inglaterra

Depoimento de Luisa Moraes

Luisa Moraes mora em Londres desde agosto de 2018 e trabalha com e-commerce.

Como está vivendo a quarentena

Moro em St. Albans, que fica a 40km do centro de Londres, e trabalho na estação de Victoria, próximo ao Palácio de Buckingham. O trajeto até o trabalho demora cerca de 1h de trem e metrô cada trecho, então minha rotina durante a semana era praticamente casa-trabalho-casa.
As noites eram reservadas para cozinhar, um happy hour de vez em quando. Aos fins de semana sempre havia algum programa com amigos, academia, parque, cinema, passeio em algum lugar novo de Londres e arredores.
Minha empresa tem escritórios em 9 cidades europeias incluindo Milão, então pude acompanhar a evolução da pandemia desde o princípio. Tenho a sorte de trabalhar em um segmento em que o trabalho é 100% online e há muito o que fazer nesse momento.
A empresa teve tempo de se preparar e tem dado um excelente suporte a todos os funcionários. Desde fevereiro a comunicação interna se intensificou, as viagens foram proibidas e tivemos a chance de testar o trabalho remoto.

Há 4 semanas em casa

Estou na minha quarta semana trabalhando de casa, precisei adaptar meu quarto e literalmente montei meu escritório aqui, trouxe computador e monitores.
Passei a exercitar-me em casa diariamente pelas manhãs, procurei criar uma rotina para tentar levar o dia-a-dia de trabalho da forma mais normal possível. Tenho evitado sair de casa a não ser para ir ao supermercado, e aos fins de semana saio para caminhar, respirar novos ares. Como estou mais em casa, estou aproveitando para colocar a lista de séries e filmes em dia.

Luisa Moraes
Imagem do arquivo pessoal de Luisa Moraes

Evita o noticiário

Em geral, tento me informar o mínimo possível sobre a evolução da pandemia principalmente na Europa e no Brasil, já que toda minha família está lá. De início o governo minimizou o tamanho do impacto e as medidas tomadas hoje vieram tardiamente, fazendo com que o Reino Unido já ocupe o quinto lugar com maior número de casos na Europa.

Restrições ao deslocamento

Desde 20 de março, o comércio não essencial e escolas estão fechadas, a quarentena entrou em vigor em todo o país e pode-se sair de casa apenas para ir à farmácia, supermercado, atividade física ou trabalho para quem não pode fazer de casa.
Grupos de mais de duas pessoas estão proibidos, a menos que vivam na mesma casa. Distanciamento de 2 metros entre pessoas, inclusive em supermercados.

Faltam itens no supermercado

Luvas, máscaras, álcool em gel e sabonete líquido são itens raros ou em falta há cerca de um mês. Supermercados com pouco estoque de itens de limpeza, massas, alguns alimentos perecíveis, bebidas alcoólicas e enlatados. Aumento de preços em 20-30%.
Filas de espera entre 30-60 minutos para que as pessoas entrem nos estabelecimentos, compras online sem perspectiva de data de entrega. Há uma orientação para que idosos, agentes de saúde e pessoas vulneráveis tenham preferência pela compra online e horários exclusivos na compra presencial.

Há pessoas que não respeitam o confinamento

Ainda vejo pessoas desrespeitando a quarentena, andando em grupos, por exemplo. Em Londres algumas estações de metrô foram fechadas e o serviço de trem foi reduzido, fazendo com que os vagões continuem cheios. Há muita campanha para desencorajar o trânsito não essencial e o governo já considera endurecimento das regras.
Londres em quarentena

Brasileiros em quarentena na Alemanha

Depoimento de Eduardo Pinheiro

Eduardo Pinheiro mora em Dresden na Alemanha desde março de 2017, onde foi para fazer mestrado no país. Atualmente trabalha como músico, fazendo concertos, workshops e dando aulas particulares e em escolas de música.

Como a quarentena o afetou

Como eu normalmente dou aulas no turno da tarde, eu sempre tenho contato com alunos, seja nas escolas ou quando vou à casa deles para dar aulas particulares de violão. São mais de 20 pessoas em média que eu encontro para dar aulas. E nesse sentido, a quarentena mudou radicalmente a minha rotina, pois deixei de ter contato físico com essas pessoas.
Mas eu consegui mudar a maior parte dessas aulas para Skype ou Hangout, dando aulas virtuais, e está funcionando bem. O mais complicado para mim é a questão dos concertos. Tive concertos cancelados, eu fazia 2 ou 3 por mês e até setembro não tem nada confirmado.

Eduardo Pinheiro
Foto do arquivo pessoal de Eduardo Pinheiro

Buscando alternativas

Tem uma hashtag no Instagram, o #onehundreddaysofpractice, que é um incentivo a não ficar parado, ter uma prática diária para estudar um instrumento ou algo criativo e postar. Nesse ponto o meu estudo está bem em dia.

Como está a situação cidade onde vive

A quarentena aqui está forte, mas não tão intensa quanto em outros países e até em outros lados da Alemanha (que é dividida por Estados e cada Estado tem suas próprias regras e legislação).
Aqui na Saxônia, como o número de infectados e mortes não é alto, as pessoas não estão em alarme total, mas as escolas estão fechadas, o fluxo do transporte público diminuiu, os motoristas não têm contato com os passageiros, tem controle do número de pessoas que entram nos supermercados, não deve andar mais do que duas pessoas juntas na rua, mas nada muito diferente do que tem sido feito nos demais países afetados pelo vírus.

Direitos e adaptações

Eu li algumas informações sobre questões trabalhistas e direitos dos cidadãos aqui, e a indicação é que as imobiliárias ou pessoas que alugam apartamentos a terceiros não podem pedir para os inquilinos saiam nos próximos meses.
O trabalhador de uma forma geral está fazendo home office – a maior parte das pessoas que eu conheço estão. Alguns que trabalham como servidor público estão trabalhando em sistema de rotatividade, alguns funcionários que são grupo de risco não vão e em outros casos estão mesmo limitados, não vão mesmo ao espaço físico de trabalho. O confinamento está aumentando cada vez mais.
Os autônomos estão tendo a oportunidade de se inscrever para receber auxílio. É preciso passar por uma triagem para obter o incentivo estatal de 1 mil euros, se não me engano, comprovando que você perdeu rendimentos por causa da quarentena.

Respeito à quarentena

Aqui na Saxônia ainda há pessoas que não estão se isolando muito pela gravidade da situação ser menor, mas de uma forma geral o alemão costuma ter um perfil de muito respeito mútuo. No geral, eles têm menor contato físico respeitando o espaço do outro.
Infelizmente ainda há quem se aglomere. Esses dias eu sai para pedalar até outra cidade, e vi muita gente praticando esportes e sem evitar as aglomerações. Está dentro da lei essa atividade, mas as pessoas ainda estão ficando muito próximas umas das outras.

Faltaram elementos básicos do supermercado nas primeiras semanas

Nas primeiras semanas houve também a corrida aos supermercados, como também aconteceu em outras partes do mundo, e casos de pessoas que compraram todo o papel higiênico de um local também aconteceu.
Mas foi aquele caos momentâneo, mesmo estando em um país super desenvolvido, essas coisas também aconteceram por aqui.

Depoimento da Denise Sousa

Denise Sousa é empresária, natural do Rio de Janeiro e também vive em Dresden na Alemanha, desde 2000.

Como está a situação da cidade onde vive

Aqui em Dresden tem muita providência legal tomada pelo estado. As pessoas estão nos parques, e não nas lojas. Nos mercados só entra a quantidade que corresponda a uma pessoa por 2 m².

Como a quarentena a tem afetado

Estou me ocupando bastante. Tenho muita coisa para fazer em casa. Nem dou conta! Afinal, na minha casa funciona meu atelier e meu escritório. Estou aproveitando para colocar muita coisa em dia.
Eu sou camaleoa! Toda dificuldade é para mim uma oportunidade de reinventar. Mas isso não me isenta de preocupação.

Denise Sousa
Foto do arquivo pessoal de Denise Sousa

Ajuda do Estado Alemão

Acabei de preencher os papéis para entrar com o pedido de socorro urgente de 1000€ para empresários de pequeno porte.
Moro sozinha e proibi meu namorado alemão, que mora perto de Berlim, de vir me ver!
Está difícil achar luvas, álcool gel, máscaras, mas ninguém está aumentando os preços onde se encontra pra comprar. Além do mais, confecções estão fazendo voluntariamente máscaras para os profissionais da saúde e fábricas de bebidas estão fazendo álcool para eles também, tudo de graça.
E, por sorte, há dois anos tenho uma companhia de limpeza também. É o que tá funcionando agora nesta crise… se arrastando, mas funcionando. Eu só trabalho em casas particulares. Nada comercial. Então não pegamos nenhum cliente novo.
Pelo contrário, os que são autônomos não estão podendo pagar. Uma semana normal de 17 casas, tivemos apenas 6. Por isso pedi ajuda ao Estado!

Preocupação com a família no Brasil

Minhas irmãs, minha tia e primos (são meus parentes mais próximos) estão todos confinados. Difícil tá segurar meu cunhado, um inglês de mais de 60 anos em casa!
O Brasil nunca teve uma guerra, uma terrível catástrofe natural… é um país privilegiado. Acho que essa pandemia vai ensinar muita coisa ao povo. Os alemães geralmente são dispostos a ajudar quem precisa. Quando teve a enchente aqui em Dresden em 2002, precisava ver como foram solidários entre si.

Depoimento de Jens K.

Jens K. tem 49 anos, não é brasileiro é alemão, mas compartilhou sua visão da quarentena no país com a Equipe do Euro Dicas. É administrador e mora nos arredores de Nuremberg.

Como a quarentena o tem afetado

“Não sei se é realmente medo o que estou sentindo, mas é algo como se o futuro fosse desconhecido pra nós, sem saber o que de fato vai acontecer. Estou parcialmente em casa e parcialmente no trabalho. Como trabalho em uma instituição de ensino, todos os estudantes foram dispensados e somente algumas pessoas ainda estão trabalhando.
Eu tenho que ir ao trabalho de vez em quando, porque algumas coisas não dá para fazer de casa. Mas tenho ido de bicicleta, não tenho usado transporte público.”

Preocupação com os mais velhos

Apesar de 80% da população que contrai o Covid-19 apresentar sintomas leves como febre e tosse, há casos mais graves, principalmente envolvendo o grupo de risco (idosos) que acabam vindo a óbito devido ao vírus ou mesmo em função da ausência de vagas nos hospitais, não recebendo assim o tratamento adequado.

Siga as orientações dos governos

A orientação informada pelos Governos de vários países visa evitar um grande número de casos de uma só vez, como ocorreu na Itália, para que esse pico seja menor, ganhando assim tempo para que possa ser descoberta uma solução para o coronavírus.
Por isso, siga as orientações do governo, fique em casa e cuide da sua saúde mental.
Brasileiros freelancer em Portugal podem pedir auxílio ao governo por causa do coronavírus. Veja como aqui.