A busca por um lar acolhedor e destinos de viagem seguros é uma consideração vital para pessoas da comunidade queer que desejam explorar a Europa. Neste artigo, conto como é ser LGBTQIA+ na Europa para pessoas que ainda têm dúvidas sobre a liberdade no continente.

Saiba quais são os melhores países e cidades para morar na Europa sendo uma pessoa LGBTQIA+, e fique por dentro também dos piores destinos (você, assim como eu, provavelmente vai querer passar longe deles). Boa leitura!

10 melhores países para LGBTQIA+ na Europa

Em 2023, o Rainbow Europe (produzido pelo instituto ILGA Europe) atualizou o ranking de melhores países para pessoas LGBTQIA+ no continente. Para formar o ranking, foram considerados aspectos como:

  • Equidade e não-discriminação: envolve aspectos como constituição, empregabilidade, educação, saúde (como educação sexual), leis de expressão de gênero;
  • Família: envolve equidade de casamento, direitos legais de coabitação, direito de inseminação artificial assistida (tanto para casais quanto para pessoas LGBTQIA+ solteiras) e reconhecimento de parentalidade para pessoas transsexuais;
  • Crimes e falas de ódio: envolve leis que punem crimes de ódio e de fala;
  • Reconhecimento legal de gênero: envolve reconhecimento não-binário, despatologização de questões de gênero, direito de autoidentificação de gênero;
  • Integridade corporal intersexo: envolve acesso à justiça para vítimas de preconceito, acatamento de intervenções médicas relacionadas à identidade de gênero;
  • Espaço civil na sociedade: envolve a garantia de que os direitos humanos de pessoas LGBTQIA+ não estejam em risco, leis que garantem liberdade de expressão;
  • Asilo: envolve leis e políticas que envolvem orientação sexual.

A seguir, te mostramos os 10 melhores países LGBTQIA+ para se viver na Europa. Nos detalhamentos de cada país, considere 100% como muito bom e 0% muito ruim. Essas notas variam de acordo com a quantidade de leis existentes no país que amparam a população queer em cada um dos aspectos listados acima.

1. Malta

Se você está pensando em como é ser LGBTQIA+ na Europa, a resposta é “incrível” se você morar em Malta. Esse é o país da Europa com melhores índices para pessoas LGBTQIA+, com nota 100% em aspectos como asilo, espaço na sociedade, zero crimes e falas de ódio e equidade familiar. Malta também atingiu as seguintes notas nas demais categorias:

  • 94% em reconhecimento legal de gênero;
  • 69% em equidade e não-discriminação;
  • 50% em integridade corporal intersexual.

Por todas essas notas altíssimas, morar em Malta certamente é a melhor opção para pessoas LGBTQIA+ que querem viver em um local inclusivo, com leis sólidas de proteção e inclusão na Europa.

2. Bélgica

Ocupando o segundo lugar do ranking, a Bélgica possui ótimas notas em quase todas as categorias avaliadas. Morar na Bélgica também é uma incrível opção para pessoas queer (e no final do artigo te conto mais detalhes sobre como é ser LGBTQIA+ por aqui). O país possui as seguintes notas:

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  • 100% nos quesitos equidade familiar e espaço na sociedade civil;
  • 64% em zero crimes e falas de ódio;
  • 76% em equidade e não-discriminação;
  • 73% em reconhecimento legal de gênero;
  • 83% em asilo.

Porém, nem tudo é perfeito no país. A categoria integridade corporal intersexual no país possui nota 0%, visto que o país não cumpre requisitos como acesso de vítimas de preconceito à justiça, além de proibir intervenções médicas relacionadas ao gênero em alguns casos.

Bandeira LGBTQIA+ pendurada em residência belga.
Na Bélgica, não é raro ver bandeiras do orgulho penduradas nas casas e nos prédios da prefeitura das cidades. Foto: Lara Delgado

Apesar disso, a Bélgica é um dos lugares mais seguros e abertos para pessoas LGBTQIA+ no mundo (não considerando apenas a Europa), e se destaca por ter apoio aberto do governo nas causas da nossa comunidade.

3. Dinamarca

A Dinamarca ocupa o terceiro lugar no ranking, e também possui notas muito boas nas categorias avaliadas. O país pontuou:

  • 100% na categoria espaço na sociedade civil;
  • mais de 80% nas categorias relacionadas à família, zero crimes e falas de ódio e equidade;
  • 73% no quesito reconhecimento legal de gênero;
  • 33% no quesito asilo.

Nem tudo é perfeito também na Dinamarca, visto que a categoria de integridade corporal intersexual também possui nota 0%. O país também não cumpre requisitos como legalização de intervenções médicas em alguns casos e também dificulta o acesso de vítimas à justiça.

4. Espanha

No quarto lugar do ranking, temos a Espanha. Vale mencionar que o país cresceu de posição dos últimos rankings para o de 2023, sobretudo por causa da nova lei que permite e assegura a autoidentificação para pessoas transsexuais. Nos critérios, a Espanha possui:

  • 100% no critério de espaço na sociedade civil
  • 86% no quesito família;
  • 79% em equidade e não-discriminação;
  • 74% em reconhecimento legal de gênero;
  • 68% em asilo;
  • 55% em zero crime e falas de ódio;
  • 50% em integridade corporal intersexo.

Com tantos direitos garantidos, não é à toa que a parada LGBTQIA+ da Espanha, que acontece majoritariamente em Madrid e em Barcelona, é considerada uma das maiores e mais visíveis do mundo. Nas demais cidades espanholas, a cena queer também é muito forte.

5. Islândia

Ocupando a metade do nosso pódio dos 10 melhores países europeus para se viver sendo LGBTQIA+, temos a Islândia.

O país tem um enorme destaque em pesquisas públicas, em que apenas 5% do total da população já se opôs em alguma questão relacionada ao tema (como aceitação de pessoas homossexuais na vizinhança, sobre pais do mesmo sexo e afins). As médias da Islândia foram:

  • 100% no quesito espaço na sociedade civil;
  • 90% no quesito família;
  • 87% no quesito equidade e não-discriminação;
  • 80% no quesito reconhecimento legal de gênero;
  • 50% no quesito integridade corporal intersexo;
  • 26% no quesito zero crime e falas de ódio.

6. Finlândia

Morar na Finlândia também é uma ótima opção, visto que o país ocupa o sexto lugar do nosso ranking.

Essa posição foi muito influenciada pela lei de autorreconhecimento de gênero aprovada em 2023 e por leis que permitem direitos de pessoas trans de escolher um nome baseado em suas identidades de gênero, aprovadas em 2019. O país também possui as seguintes notas em cada categoria:

  • 100% em espaço na sociedade civil;
  • 85% em equidade e não-discriminação;
  • 90% no quesito família;
  • 73% em reconhecimento legal de gênero;
  • 51% no quesito zero crime e fala de ódio.

Na Finlândia, porém, houve nota 0% no quesito integridade corporal intersexo. O país não cumpre nenhum dos quatro requisitos necessários para pontuar neste quesito.

7. Luxemburgo

O sétimo lugar é ocupado por um dos menores países do mundo: Luxemburgo. Entre 2018 e 2023, o país desenvolveu um plano de ação que envolve educação inclusiva, combate à violência e discriminação e outras ações ativas de combate ao preconceito.

Essas ações impactaram bastante o posicionamento do país. Luxemburgo conta com as seguintes notas nas categorias da pesquisa:

  • 100% em espaço na sociedade civil;
  • 80% em reconhecimento legal de gênero;
  • 76% no quesito família;
  • 75% no quesito zero crimes e falas de ódio;
  • 54% em equidade e não-discriminação;
  • 50% em asilo.

Assim como quase todos os países acima, Luxemburgo também pontuou 0% no quesito integridade corporal intersexo.

8. Suíça

A Suíça ocupa o oitavo lugar do ranking, e assim como a Bélgica, é um dos poucos países que pontuaram 100% no quesito família. As últimas ações mais ativas do país aconteceram em 2019, quando houve reforços das leis contra crimes de ódio contra pessoas transsexuais. As demais notas da Suíça são:

  • 100% em espaço na sociedade civil;
  • 75% em zero fala e crime de ódio;
  • 65% em equidade e não-discriminação;
  • 44% em reconhecimento legal de gênero;
  • 50% em asilo.

A Suíça também é um dos diversos países que pontuaram 0% no quesito integridade corporal intersexo.

9. Noruega

Ocupando o nono lugar na nossa lista, temos a Noruega. O país pontuou 100% no quesito espaço na sociedade civil e vem alcançando diversos direitos até então não existentes para a população LGBTQIA+.

Por exemplo, foi aprovada uma lei que estabelece as mesmas regras de doação de sangue para todas as pessoas, independente da orientação sexual. A lei entrará em vigor em 2024. Nas demais categorias, as notas da Noruega foram:

  • 83% em asilo;
  • 80% em reconhecimento legal de gênero;
  • 76% em família;
  • 61% em equidade e não-discriminação;
  • 51% em zero crimes e falas de ódio.

10. França

No décimo lugar de um total de 49 países, temos a França. Morar na França também pode ser incrível, visto que o país pontuou 100% no quesito espaço na sociedade civil. Também como os demais países, a nota foi 0% em integridade corporal intersexo. Recentemente, em 2022, as terapias de conversão foram banidas oficialmente e legalmente do país.

Nas outras categorias, as notas da França foram:

  • 76% em família;
  • 67% em asilo;
  • 64% em equidade e não-discriminação;
  • 61% em reconhecimento legal de gênero;
  • 51% em zero crimes e falas de ódio.

Melhores cidades para LGBTQIA+ morar na Europa

As melhores cidades para se morar na Europa sendo LGBTQIA+ são:

  • Valletta, em Malta;
  • Bruxelas, na Bélgica;
  • Copenhague, na Dinamarca;
  • Madrid, na Espanha;
  • Reykjavik, na Islândia;
  • Helsinki, na Finlândia.

Estas cidades são as que mais se destacam por suas leis de igualdade, apoio à comunidade e atitude aberta em relação à diversidade. Se você quer morar na Europa, afinal, é importante considerar aspectos que vão além do que há para fazer na cidade sendo uma pessoa LGBTQIA+.

Praça em Bruxelas, com bandeira LGBTQIA+ estendida no topo de uma loja.
Rua em Bruxelas, conhecida pela grande quantidade de bares e pubs inclusivos. Foto: Lara Delgado

Por exemplo, aspectos como o cenário queer na cidade e a quantidade de eventos inclusivos são relevantes. Porém, é necessário considerar aspectos relacionados ao dia a dia e entender bem como as legislações do país caminham ao seu favor.

Melhores países para pessoas LGBTQIA+ visitarem na Europa

Escolher países para visitar é bem diferente de escolher países para morar, porque aqui os aspectos mais importantes a se considerar são o cenário queer no local, a quantidade de coisas para fazer que sejam inclusivas, etc.

Ainda assim, é claro, é importante considerar os aspectos legais do país e entender se esse lugar é ou não a favor dos seus direitos humanos. Por isso, os melhores países para pessoas LGBTQIA+ visitarem na Europa são:

  • Os Países Baixos (em especial Holanda, muito conhecida pela abertura à diversidade e ao fortíssimo cenário gay);
  • Suécia;
  • Dinamarca;
  • Espanha;
  • Bélgica;
  • Malta;
  • Inglaterra.

Além desses, há outros países ganhando espaço para nós. Por exemplo, Portugal tem se destacado como país gay friendly nos últimos anos.

Esses são os países com maior presença da população LGBTQIA+ de forma aberta, que possuem bairros conhecidos pelas atrações queer e as paradas mais expressivas do mundo.

Por exemplo, as paradas LGBTQIA+ que acontecem na Espanha e na Inglaterra são umas das maiores do mundo, e pode ser interessante (e emocionante!) visitar esses locais durante o evento. Já as ruas da Holanda possuem inúmeras atrações inclusivas e seguras para você, enquanto o cenário queer Dinamarca vem crescendo a cada dia.

Melhores cidades para conhecer na Europa

Há algumas cidades europeias que em especial são um ótimo destino para pessoas LGBTQIA+ que querem apenas visitar o continente. São elas:

  • Estocolmo, Suécia: essa é uma cidade inclusiva e acolhedora para a comunidade LGBTQIA+. A cena gay de Estocolmo é vibrante, com bares, clubes e eventos frequentes;
  • Amsterdã, Holanda: essa é uma das cidades mais amigáveis para a população queer, apesar de a Holanda não aparecer no top 10 de melhores países do Rainbow Europe. A cidade possui uma cena LGBTQIA+ diversificada, com inúmeros bares, e clubes gays;
  • Copenhague, Dinamarca: a cidade é conhecida por sua atmosfera LGBTQIA+ amigável, com bares e clubes gays principalmente na área de Vesterbro;
  • Barcelona, Espanha: Barcelona é famosa por sua cena LGBTQIA+ vibrante, especialmente no bairro de Eixample. A cidade oferece uma vida noturna muito agitada, o que pode ser ótimo para pessoas que gostam de atrações mais animadas;
  • Bruxelas, Bélgica: a cidade tem uma cena LGBTQIA+ animada, com uma série de bares e clubes gays, especialmente no bairro de Saint-Jacques;
  • La Valletta, Malta: Malta é um país progressista em relação aos direitos LGBTQIA+, e La Valletta, a capital, tem uma cena queer em crescimento;
  • Londres, Inglaterra: a famosa cidade oferece uma das cenas LGBTQIA+ mais animadas da Europa, com bairros como Soho e Vauxhall repletos de bares e clubes queer.

Piores países para LGBTQIA+ na Europa

Sendo uma pessoa LGBTQIA+ que quer morar na Europa, é muito importante saber quais são as piores cidades no continente. Afinal, será preciso passar longe delas para garantir uma vida segura e com seus direitos garantidos, certo?

Na pesquisa feita pelo Rainbow Europe, cada país foi avaliado em suas leis voltadas para amparar pessoas LGBTQIA+, e a soma dessas leis e medidas forma a porcentagem de aquisição de direitos humanos para pessoas queer. Quanto mais leis e medidas o país tem, maior é sua pontuação (que vai de 0% até 100%).

Comparativo entre os dois melhores e dois piores países para pessoas queer viverem.
Comparando Malta com o Azerbaijão, é nítida a diferença de direitos humanos adquiridos em cada um. Gráfico: Lara Delgado

A título de comparação, você acabou de ver um paralelo entre os dois melhores países e os dois piores países para se viver sendo uma pessoa queer. No gráfico, é possível ver que a discrepância entre os países é enorme, e isso deve ser levado muito em conta no momento em que você estiver escolhendo seu futuro destino (seja para morar ou para visitar).

Ainda seguindo o Rainbow Europe, os piores países se destacam por ter pouquíssimos (ou quase nenhum) direitos e leis voltadas para pessoas LGBTQIA+. São eles:

1. Azerbaijão

Com índices surpreendentemente ruins, o Azerbaijão é o pior país europeu para se morar sendo uma pessoa LGBTQIA+. O país possui:

  • Nota 17% no quesito espaço na sociedade civil;
  • Nota 4% no sentido equidade e não-discriminação.

Nas demais modalidades, as notas são todas 0%. Isso significa que nos quesitos família, crimes e falas de ódio, reconhecimento legal de gênero, integridade corporal intersexo e asilo, o país não cumpre nenhum dos requisitos.

O Azerbaijão possui apenas dois direitos voltados para nós: doação de sangue independente da orientação sexual e ausência de leis que limitam a liberdade de expressão. Como é ser LGBTQIA+ na Europa certamente é bem ruim se considerarmos esse país como referência.

2. Turquia

Ocupando o 48º lugar dos 49 países europeus, a Turquia também é um destaque muito negativo. O país possui:

  • Nota 14% no quesito reconhecimento legal de gênero (há leis que permitem a mudança de nome sob condições como idade);
  • Nota 17% no quesito espaço na sociedade civil (apenas por causa da não existência de nenhuma lei que impeça financiamento externo para pessoas LGBTQIA+).

Nas demais categorias, a Turquia possui nota 0%. Isso faz com que o país não tenha praticamente nenhuma lei que ampare pessoas queer.

3. Rússia

Ocupando o 46º lugar dos países europeus, a Rússia também apresenta pontuação em apenas dois quesitos:

  • 37% em reconhecimento legal de gênero (o país permite mudança de nome sob condições de idade e possui algumas medidas legais que protegem pessoas transgênero);
  • 11% em família (o país permite inseminação artificial para pessoas solteiras, independente da identidade de gênero e orientação sexual).

Nas demais categorias, a pontuação é 0%. Considerando um país enorme como a Rússia, é assustador pensar que há pouco mais de 2 leis voltadas para as pessoas queer.

4. Armênia

Ocupando o 47º lugar, a Armênia possui um pouco mais de medidas legais que os países acima. O país possui notas:

  • 4% em equidade e não-discriminação (permite a doação de sangue por pessoas independente da orientação sexual, apenas);
  • 11% no quesito família (permite a inseminação artificial para pessoas solteiras, sem considerar questões de gênero e sexualidade);
  • 6% em reconhecimento legal de gênero (permite mudança de nome para pessoas transsexuais sob condições de idade);
  • 50% em espaço na sociedade civil (não há leis no país que proíbem a liberdade de expressão).

Nas demais notas, o país também possui nota 0% e nenhuma lei ativa nos quesitos.

5. Belarus

No final do nosso ranking, Belarus (ou Bielorrússia) ocupa a 46º posição. Comparado com os países citados acima, esse é um dos países com mais leis voltadas para pessoas queer. Belarus possui notas:

  • 44% em reconhecimento legal de gênero (o país permite mudança de nome sob condições de idade, e possui leis que protegem um pouco pessoas transsexuais);
  • 17% em espaço na sociedade civil (não há leis que inibem a liberdade de expressão);
  • 11% em família (Belarus permite inseminação artificial para pessoas solteiras, desconsiderando questões de gênero e sexualidade);
  • 4% em equidade e não-discriminação (o país permite doações de sangue independente de orientação sexual).

Como os países acima, Belarus possui nota 0% em todas as outras categorias. Ou seja: também é um dos piores países para se viver sendo uma pessoa LGBTQIA+.

Experiência de uma mulher LGBTQIA+ que mora na Europa

Eu, que vos escrevo, sou uma mulher bissexual que mora na Bélgica há dois anos (e que viaja bastante pelos países do continente). Por isso, posso te contar um pouquinho de como é ser LGBTQIA+ na Europa.

As pautas LGBTQIA+ não são tão discutidas porque são normalizadas

Por aqui, a “questão queer” não é uma questão tão discutida como é no Brasil. Por exemplo, em 2023 está acontecendo toda uma discussão no Brasil a respeito da proibição do casamento homoafetivo, enquanto aqui essa discussão acontece sobretudo dentro de grupos religiosos, mas não possui força suficiente para sair desses grupos.

Aqui, como deveria ser no mundo inteiro, não há distinção baseada em sexualidade e identidade de gênero das pessoas.

Por exemplo, em comerciais e campanhas do governo, há sempre a mesma quantidade de casais homoafetivos que de casais heteroafetivos, bem como a mesma quantidade de pessoas trans e cisgênero. Isso mostra que aqui não há o conceito de “normal” enraizado, como em diversos países mais atrasados nesse conceito. Ainda, na Bélgica, por exemplo, a expressão artística de pessoas LGBTQIA+ é livre e incentivada pelas autoridades.

Painel pintado em parede na rua de Bruxelas, mostrando um casal de homens de braços dados.
Pintura entitulada “Broussaille”, retratando casal homoafetivo, exposta em rua de Bruxelas. Foto: Lara Delgado

Na foto acima, você vê uma pintura muito famosa em Bruxelas, entitulada “Broussaille”. A pintura está exposta em uma das ruas mais conhecidas pela vida noturna voltada para o público LGBTQIA+, no centro da capital.

Muitos estabelecimentos usavam esse mural para divulgar o bairro e suas atrações, mas nem tudo é perfeito. Essa pintura sofre, constantemente, tentativas de mudanças e de boicote por alguns grupos extremistas, mas ainda assim resiste intacta enfeitando a rua da cidade.

No Brasil e em muitos outros países, a título de comparação, é muito difícil que uma campanha do governo ou expressões artísticas envolvendo pessoas queer não seja extremamente debatida e gere polêmicas.

Violência e crimes de preconceito acontecem, mas são duramente penalizados

Pode parecer que a Europa é um lugar 100% perfeito para ser uma pessoa queer, afinal, o avanço daqui é indiscutível. Porém, assim como em qualquer lugar do mundo, situações de violência e preconceito acontecem, sim.

Aqui, como em diversos outros lugares (como no Brasil, inclusive), há grupos extremistas que atuam de forma direta (violência física) e indireta (cartazes, manifestações e campanhas) contra a população LGBTQIA+. A grande diferença é que esses grupos não são muitos, e não possuem tanta força assim.

Sim, casos de preconceito e violência acontecem, mas aqui eles são duramente penalizados pela polícia e pela legislação. Quando esses casos ocorrem, as leis atuam de forma dura contra o agressor. Ainda, o governo sempre se posiciona contra casos de preconceito quando algum grupo extremista se arrisca em dar as caras.

Como é o posicionamento dos governos em relação às pessoas LGBTQIA+?

Ainda, falando mais um pouco sobre a Bélgica, o site oficial do governo possui uma página específica alimentada apenas com os próximos eventos LGBTQIA+ no país e informações úteis (como a quem recorrer em caso de preconceito ou violência).

Em uma rápida pesquisa, consegui encontrar páginas semelhantes dos governos de diversos outros países, como Dinamarca, Suíça, Holanda, Alemanha, Islândia e Luxemburgo. Isso mostra a abertura e a inclusão de forma escancarada.

Por fim, nas escolas, hospitais e departamentos governamentais sempre há cartazes de apoio à população queer. Esses cartazes sempre possuem contatos para onde as pessoas podem ligar caso precisem de ajuda ou tenham passado por alguma situação de preconceito.

Sem dúvidas, aqui é um dos melhores lugares do mundo para ser uma pessoa LGBTQIA+ e para criar crianças em um ambiente livre de preconceitos. A Europa tem sido um espaço acolhedor para mim, e espero que em breve seja para você também!