A convivência com os alemães é um dos fatores que mais afeta os brasileiros que migram para a Alemanha. As diferenças culturais são gigantescas e aparecem quando menos se espera. Quando percebemos, já cometemos uma gafe com o vizinho, o chefe ou os colegas da faculdade. Por isso, é importante pesquisar sobre a vida na Alemanha para além da burocracia, sistemas de saúde, visto e trabalho.

A vida, afinal, acontece em comunidade. E aqui, como é de se esperar, as regras são outras. Este artigo pretende esclarecer os pontos principais onde as culturas brasileira e alemã se chocam, e como evitar passar vergonha (ou pior).

Como é a convivência com os alemães?

Cada brasileiro que mora na Alemanha te dirá uma coisa diferente, pois os alemães não são uma grande massa de indivíduos iguais. Mas há algumas constantes.

Ao chegarmos na Alemanha, percebemos que aquelas ideias pré-concebidas que poderiam ser chamadas esteriótipos têm um grande fundo de verdade.

Os alemães são, de fato, pontuais, eficientes, trabalham duro e tendem a manter uma certa distância de quem não conhecem. Eles prezam pela ordem e não têm medo de avisar a qualquer um que esta pessoa está infringindo alguma regra, seja legal ou moral.

Essas características acabam englobando todas as interações que temos com os alemães, seja com a moça da padaria ou com o colega de trabalho. Compreender isso desde o início irá facilitar a vida de quem se muda para a Alemanha.

Além disso, é preciso saber que quem vem para a Alemanha para viver, vai acabar convivendo com alemães em diversos contextos diferentes. A forma de tratar o seu mais novo amigo alemão difere da forma de tratar seu chefe.

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Como se integrar na Alemanha

Ao falarmos de integração, a palavra-chave usada pelo governo alemão ao tratar de imigrantes, estamos falando de saber navegar essa cultura alemã, que é diferente da nossa.

Alguns críticos da palavra reclamam que ela é uma via de mão única. Ela indica que os estrangeiros que precisam se integrar ao modelo branco e europeu, enquanto a sociedade alemã é, na verdade, muito multicultural, especialmente nas grandes cidades.

De fato, se integrar não significa abdicar da própria cultura em prol de uma que seja “melhor” ou “superior”. Este tipo de pensamento é antiquado e abre espaço para o racismo.

No entanto, respeitar como as coisas funcionam no nosso país de destino ajuda a manter a convivência mais agradável. No mais, é preciso conhecer as regras para saber quais valem a pena quebrar e quais podem te mandar para a cadeia.

Confira como é a experiência de ter filho na Alemanha e as diferenças culturais para o Brasil.

Diferenças da convivência com alemães e com brasileiros

A principal diferença entre os alemães e os brasileiros está na forma com que se expressam.

Os alemães são diretos e não têm medo do conflito. Por muitas vezes, os recém-chegados no país acham que os alemães são grossos, mas para eles, estão simplesmente falando as coisas como elas são.

Nós brasileiros tendemos a dar mais voltas em nosso discurso, dizendo o que pensamos da forma que consideramos mais educada. Com o tempo, muitos de nós nos “alemanizamos” e acabamos aprendendo os benefícios de sermos diretos e enfáticos.

convivência com alemães vizinho

Isso não significa que perdemos o nosso jeito latino de ser. Juntar o melhor das duas culturas é uma forma de viver bem na Alemanha mantendo nosso caráter amigável.

Nós também somos mais tolerantes com os erros dos outros, somos mais abertos a conversar com desconhecidos e não temos medo de bater um papo furado. Os alemães têm pavor da chamada small talk, não porque lhes desagrada, mas sim porque não sabem fazê-la.

Saí do Brasil, mas o Brasil não saiu de mim, isso acontece com muita gente!  Veja essa coluna do Maurício.

Os alemães realmente são frios?

À primeira vista, sim, eles são.

Nós brasileiros podemos fazer amigos na fila do mercado e logo somos convidados para um churrasco na casa da pessoa. Alemães, ao contrário, demoram a fazer amizade e tendem a manter os amigos da escola pelo resto da vida.

No entanto, em contextos informais, os alemães são tão extrovertidos quanto nós. O que eles tendem a fazer é respeitar a privacidade e o espaço pessoal do outro, e não fazem perguntas consideradas “íntimas” a quem pouco conhecem.

Eles também não têm medo do silêncio. Muitas vezes, ninguém vai puxar conversa contigo no trem, na sala de espera do médico ou outras situações sociais onde nós brasileiros já saberíamos todos os problemas pessoais do desconhecido ao nosso lado.

Mas eles são solícitos e tendem a ajudar quem precisa. E não vão te deixar no vácuo se você perguntar algo.

Como é a convivência com os alemães na faculdade?

A faculdade na Alemanha é um ótimo espaço para fazer amigos, pois há diversas oportunidades de estudar juntos, ir para festas ou morar em uma república com nativos.

A convivência com os professores, no entanto, é muito diferente do Brasil. Você nunca chamará seu professor ou professora pelo primeiro nome, mas sim os pronomes de tratamento Herr (Sr.) ou Frau (Sra.) e o segundo nome.

Você também não usa o pronome du, a versão informal de você, mas sim Sie. Isso mostra como a formalidade a distância é tão arraigada na cultura que aparece até no idioma.

E isso é extremamente importante! Usar o pronome informal para uma pessoa mais velha que você não conhece é um jeito certeiro de ofendê-la. Muito cuidado com isso. Ao tratar os colegas de sala, no entanto, é comum os jovens irem direto para o pronome informal.

Como é a convivência com os alemães no trabalho?

Ao começar um novo trabalho na Alemanha, mantenha a formalidade com os colegas e chefes até que digam o contrário.

Eles falarão que, a partir de certo momento, vocês podem se duzen. Isso significa que a partir deste momento vocês podem usar o primeiro nome e o pronome du.

Com colegas no mesmo nível hierárquico, isto tende a acontecer rápido. Com chefes, talvez você passe a vida inteira chamando a pessoa de Sie e só mudar para o pronome informal ao se aposentar.

Além disso, é no trabalho que as regras de convivência e respeito com o outro se afloram. Pontualidade é esperada em todos os momentos, respeito com os colegas e eficiência.

Em suma, eles esperam dos funcionários estrangeiros o mesmo que eles oferecem. Os alemães fazem seu trabalho bem feito e a tempo, por isso é preciso acompanhar esse ritmo.

Conheça a experiência da colunista Roberta no Natal em Berlim.

Dicas para aprender a conviver com os alemães e reduzir o choque de cultura

  1. Não espere que eles pensem como nós. Eles são realmente diferentes e conforme você convive com os alemães, vai sabendo o que esperar;
  2. Não se ofenda com tanta facilidade. É provável que a pessoa falando contigo nem percebeu estar sendo grossa, mas, ao mesmo tempo;
  3. Aprenda a se defender. Se levantarem a voz contigo, responda à altura e se a resposta for em alemão, melhor ainda;
  4. Respeite as regras. Seja de limites de barulho na vizinhança, de atravessar na faixa, de chegar pontualmente, de entregar os trabalhos em dia;
  5. Aprenda a usar o Sie, o pronome formal de tratamento. E sempre comece uma conversa com ele, especialmente com pessoas mais velhas;
  6. Se não souber, pergunte. Se você acabou de chegar no país, ninguém espera que você saiba tudo, e alguns alemães adoram explicar as coisas. Pergunte sem medo;
  7. Não deixe seu jeito brasileiro para trás. Culturalmente falando, os alemães têm uma boa imagem do Brasil e provavelmente vão adorar o seu jeito leve e descontraído.

Conheça também as coisas que você não deve fazer na Alemanha e precisa saber antes de viajar para o país.

O que eu aprendi com a convivência com os alemães

Até hoje eu não sei o primeiro nome dos meus vizinhos e, para ser sincera, eu acho isso bem estranho. Não que não sejam pessoas legais. E eu sei que posso bater na porta deles para pedir ajuda, mas a formalidade é como um véu que cobre todas as relações sociais no país – exceto pelos meus amigos, claro.

Apesar deste estranhamento que nunca vai embora, eu aprendi muito convivendo com alemães.

convivência com alemães festa

A eficiência e a pontualidade deles é o meu traço cultural favorito. Eu sei que o trem vai chegar no horário, que eu não vou ter que esperar na fila se eu tiver um horário marcado em um órgão público, e que os serviços de atendimento ao consumidor tendem a ser úteis – não agradáveis ou simpáticos, mas úteis.

Além disso, tendo me casado com um alemão e convivendo com a família dele, eu sei que eles se apoiam em todos os sentidos e são respeitosos uns com os outros. Não é uma família grande e barulhenta como a minha no Brasil, mas há também menos drama e mais espaço para respirar.

Essas diferenças culturais me ensinaram muito sobre mim mesma e sobre o meu país de origem, e ser uma brasileira na Alemanha é, para mim, a forma perfeita de juntar o que mais me encanta no Brasil com a praticidades dos alemães.

Se você ainda não se adaptou ao jeito deles, dê um tempinho e deixe os alemães te conquistarem.

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*As opiniões dos colunistas não refletem necessariamente a opinião do site Euro Dicas.