Nada melhor do que mudar de país e continuar exercendo a profissão que gosta. Se você pretende trabalhar como dentista na Espanha é necessário entender como é o mercado no país, os salários e como funciona o processo de validação do diploma.

Nesse post, explicamos todos os pontos que você precisa saber para exercer a profissão no país.

Como ser dentista na Espanha?

Assim como no Brasil, a profissão de Odontologia é regulamentada no país, ou seja, é necessário ou se graduar como dentista em uma faculdade espanhola ou validar o diploma brasileiro na Espanha para trabalhar na área.

O curso de Odontologia é amplamente oferecido na Espanha: são doze faculdades públicas e dez faculdades privadas que têm esse curso de graduação no seu catálogo. O país também oferece uma formação de qualidade: a Universidade de Granada, por exemplo, é uma das melhores universidades na Espanha e Odontologia é um dos cursos em destaque na instituição.

Outras universidades de renome oferecem graduação em Odontologia, como a Universidad Complutense de Madrid (com 100 vagas por ano para o curso), a Universitat de Catalunya (que oferece 120 vagas por ano) e Universidad de Granada (que oferece 85 vagas anuais). Em todos os casos, a duração do curso é de cinco anos.

Custos para estudar Odontologia na Espanha

Se o seu plano é fazer a graduação em Odontologia no país, é importante estar atento a quanto custa estudar na Espanha. As propinas, valor anual pago pelos estudantes à universidade, variam muito de instituição para instituição.

Universidade Valor do curso
Universitat de Catalunya 15.060€ por ano
Universidade de Santiago de Compostela 835,80€ anuais para europeus e 1089,20€ anuais para cidadãos de fora da União Europeia

Essas informações, bem como os requisitos de admissão, estão disponíveis nos sites das universidades.

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Como reconhecer o diploma brasileiro de dentista na Espanha?

Caso você já seja formado no Brasil, é possível validar o diploma de dentista na Espanha, pelo processo de homologação.

O trâmite começa com o envio dos documentos do requerente ao Ministério de Educação da Espanha. Isso pode ser feito diretamente no país, pelos Correios, ou desde o Brasil – nesse caso, a entrega dos documentos é feita em um dos Consulados da Espanha. Não é necessário estar morando na Espanha para solicitar a validação do diploma.

Documentos necessários

Os documentos necessários para validar o diploma de dentista são:

Análise do pedido

Caso o Ministério da Educação espanhol conceda a homologação direta o dentista pode fazer a inscrição no Colegio de Odontólogos (que é equivalente ao Conselho Regional de Odontologia no Brasil) e já pode exercer a profissão na Espanha.

Porém, na maioria dos casos, o parecer do Ministério da Educação é pela concessão da homologação mediante a realização de provas. Nesse caso, é necessário apresentar a carta do Ministério da Educação a uma universidade espanhola, se inscrever, realizar as provas e, caso seja aprovado, mandar os resultados para o Ministério da Educação para a receber a validação.

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Quanto ganha um dentista na Espanha?

Segundo o relatório sobre o mercado de trabalho na Espanha, divulgado anualmente pelo portal de empregos Infojobs em parceria com a escola de negócios ESADE, a Odontologia é uma das profissões mais bem pagas na Espanha.

O emprego de dentista é o 14º melhor remunerado do país, com um salário bruto anual de 42.174€ (ou 14 salários de 3.012,42€).

Já o levantamento do portal Jobted mostra que o salário médio de um dentista é de 66.500€ brutos por ano (cerca de 3.600€ líquidos por mês). Nos dois casos, a remuneração média corresponde a mais de três salários mínimos espanhóis (que são 14 parcelas de 1.000€ por ano).

Dentistas ganham 50% mais que o salário médio mensal na Espanha que, segundo dados do Instituto Nacional de Estadística (INE), é de 2.038€ mensais.

Como é o trabalho de dentista na Espanha?

Os dentistas regularizados (formados em uma faculdade na Espanha ou com o diploma brasileiro homologado e posterior inscrição no Colegio de Odontólogos) podem buscar emprego no sistema público ou privado na Espanha, bem como abrir seu próprio consultório.

Segundo um estudo demográfico publicado pela Organización Colegial de Dentistas en España, em 2021, a cada ano se graduam 1.700 dentistas no país e, entre 2000 e 2020, o número de profissionais dobrou, chegando hoje em 36.000.

Dentista e colega ao examinar a condição do paciente

Apesar do aumento na quantidade de dentistas, o mercado não se encontra saturado. Segundo relatório da Infojobs/ESADE, o número de vagas disponíveis para dentistas aumentou 69% em dois anos: passou de 7.080 em 2019 para 8.768 em 2021.

Um outro dado que ilustra a grande busca por profissionais dessa área é a quantidade de candidatos por vaga. Cada vaga de dentista ofertada é disputada por apenas 17 candidatos. A título de comparação, a concorrência é de 91 candidatos para uma vaga de advogado, 11 para vagas de desenvolvedor de software, 70 para engenheiro industrial e 13 para médico (em clínica geral).

Ainda segundo o Conselho de Dentistas, os profissionais atendem, em média, 183 pacientes por mês e 80% dos profissionais estão satisfeitos com o trabalho realizado.

Clínicas e o cuidado bucal na Espanha

O capital necessário para abrir uma clínica é, em média, de 100.000€. Além do grande investimento, há de se ter em conta a situação do mercado na Espanha. O brasileiro costuma ir ao dentista regularmente e está preocupado tanto com a saúde bucal como com a estética dental.

Já na Espanha é diferente: os cuidados preventivos praticamente não existem e os espanhóis só vão ao dentista quando há algo de errado. No país, há a impressão de que os tratamentos dentários são caros, o que leva a uma baixa procura.

Isso ocorre porque, primeiro, a saúde bucal não é vista como uma prioridade e, em segundo lugar, quando o tratamento preventivo é ignorado e uma doença se instala, o tratamento paliativo acaba sendo mais demandante e caro.

A crise econômica impactou o mercado de Odontologia

A crise econômica a partir de 2020 reduziu o poder aquisitivo dos espanhóis e isso teve impacto direto no mercado de cuidados odontológicos. Segundo o relatório do Conselho de Dentistas, sete em cada dez profissionais acham que a crise afetou a capacidade dos pacientes em realizar determinados tratamentos.

Os dentistas brasileiros são bem aceitos na Espanha?

A vida de imigrante não é fácil, não importa a profissão. Por isso, é preciso ter consciência de que exercer a Odontologia fora do Brasil, sendo brasileiro, traz alguns desafios extras.

Barreira linguística

A barreira linguística é uma delas. Além de dominar o espanhol e prestar o exame DELE de proficiência no idioma, há os termos técnicos da profissão, jargões do “mundo da Odontologia” que só a prática ensina.

Preconceito

O preconceito é um outro ponto. Embora sejam a exceção e não a regra, em toda a Europa há pessoas que veem estrangeiros com desconfiança. Por isso, pode ser que haja episódios que o dentista se sinta preterido por colegas de trabalho ou pacientes.

Mais do que o mero preconceito de origem – que não é, de modo algum, uma regra no comportamento dos espanhóis –  é mais provável que, ao mudar de país, o dentista sofra com o “downgrade” na carreira. Explico: por mais que o profissional seja reconhecido no Brasil e tenha uma carreira sólida, ele precisa “começar de baixo” quando muda de país.

Muitas vezes, inclusive, é necessário voltar aos bancos da universidade para prestar os exames necessários à homologação do diploma. No trabalho, é necessário ganhar a confiança dos pares e clientes, de modo a ter sua qualidade profissional reconhecida, o que pode exigir um pouco de esforço.

Brasileiros preferem dentistas brasileiros

Por outro lado, faz parte da nossa cultura ser simpático e, em geral, os dentistas brasileiros são elogiados, por compatriotas ou por espanhóis, pela atenção dispensada aos pacientes.

Outra vantagem é que há uma grande comunidade de brasileiros na Espanha, principalmente em grandes centros como Madrid e Barcelona. E muitos dão preferência a se consultar com dentistas brasileiros, seja porque se sentem mais próximos culturalmente, seja porque se expressam melhor em português do que em espanhol.

Vale a pena trabalhar como dentista na Espanha?

Depende de qual são as suas prioridades.

Se o seu objetivo é ter um salário alto e adquirir patrimônio, a Espanha não é a melhor opção. Como vimos acima, os dentistas ganham, em média, três salários mínimos, o que permite viver uma vida confortável, mas sem luxos. Na Espanha, bem como na Europa em geral, não há um grande abismo salarial entre classes, então é mais difícil ter acesso a alguns serviços que são “comuns” no Brasil, como empregados domésticos, babás e porteiros.

Por outro lado, a qualidade de vida na Espanha é um atrativo: segurança, serviços públicos (como saúde, transporte e educação) gratuitos e de qualidade, o estilo de vida tranquilo, boa comida e muita cultura fazem do país um bom lugar para se viver. Por isso, se o seu objetivo é ter uma vida confortável, sem luxos, mas prezando pela qualidade de vida, com certeza a Espanha é uma boa opção.

Outro ponto a se considerar é que o processo de homologação é burocrático e demorado, principalmente se for exigida a realização de provas complementares. Segundo a dentista Maria Gorete Pinto, em entrevista ao canal Dentistas Brasileiros pelo Mundo, o processo “foi uma odisseia, mas com muita paciência você consegue chegar lá”.

A profissional, que iniciou o processo de validação no ano 2000, ressalta que o processo de validação não tem um prazo limite e que, na prática, demora três ou quatro anos. Confira a entrevista completa no vídeo:

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