Todos os dias há pessoas se programando para morar em outro país, seja para estudar, para trabalhar ou, mesmo, como aposentado ou para viver de renda. No entanto, no início de 2020, elas tiveram o plano de morar na Europa adiado pela Covid-19. E este artigo foi feito para você que teve seu sonho adiado ou interrompido devido à pandemia, você que pensa em morar fora e quer mais motivação ou, mesmo, você que gosta de boas histórias.
Em agosto de 2020, eu, Carolina Carvalho, entrevistei pessoas que iriam viajar para tentar uma vida nova no exterior a partir de março de 2020, que estavam com tudo programado, mas tiveram que reprogramar esse sonho, sem perderem suas esperanças. Os casos são bem interessantes e vale a pena conferir tudo!

Plano de morar na Europa adiado pela Covid-19: oportunidade de trabalho na Espanha

Matheus Okano Marques, 30 anos de idade, estava aguardando desde março de 2020, início da pandemia, para embarcar para Barcelona, na Espanha, com sua família (esposa, enteado e sua cachorrinha, uma Chow Chow), onde recebeu uma oportunidade para trabalhar com Dados.

Arquivo pessoal de Matheus Okano
Arquivo pessoal de Matheus Okano

Em dezembro de 2019, começou a se preparar para a mudança e, em fevereiro, organizou seu casamento, “às pressas”.

Prejuízo financeiro

Com tudo preparado para mudança de país, havia chegado a hora de se desfazerem de seus pertences no Brasil.

Vendemos carros, minha esposa se desfez de sua clínica estética (ela é fisioterapeuta) e também começamos a vender as coisas de casa quando veio a postergação pra abril.

Segundo ele, o prejuízo financeiro foi com a venda dos equipamentos estéticos e o impacto de sua esposa ter deixado o emprego em fevereiro.

Desistir do sonho?

Todo mês sua viagem era adiada para o mês seguinte. Mas, finalmente, Matheus e sua família embarcaram dia 25 de agosto de 2020 para a nova vida, com sua oportunidade de emprego mantida em Barcelona!
Ele contou que a viagem foi bem cansativa, mas que deu tudo certo. Já está trabalhando em Barcelona, só que em regime de home office, sem previsão de início no escritório, que está com a capacidade de funcionários reduzida, somente 20% do quadro, devido à Covid-19.

Um sonho de uma nova vida na Itália

Regiane Rogeri, de 32 anos de idade, assim como Matheus da história anterior, agilizou seu casamento e sua documentação para morar no exterior, estava se programando desde dezembro de 2019 e tinha sua passagem comprada para a Europa para março de 2020. Porém, ao contrário dele, seu pesadelo ainda não teve fim.

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Arquivo pessoal de Regiane Rogeri
Arquivo pessoal de Regiane Rogeri

Segundo Regiane, sua vida está parada há 5 meses, desde quando se alarmou a pandemia e o lockdown. Ela se casou no dia 7 de março e, juntamente com seu esposo, de 40 anos de idade, embarcaria no dia 11 de março para Treviso, na Itália, em busca da dupla cidadania.
O casal moraria na casa da família da Regiane e seu marido trabalharia com o primo dela, que é chefe de manutenção de ferrovia, após sair sua documentação. No entanto, com todos os documentos em mãos para a viagem, seus planos não se concretizaram e eles não embarcaram:

Na noite anterior [à viagem] não dormi, e fiquei agoniada sem saber o que fazer, pois meu medo era chegar em Roma e não conseguir pegar conexão de voo para o meu destino final.  Já nesse momento, para se descolar dentro da Itália exigiam dos residentes a Auto certificação. Um dia antes fui no aeroporto e meu voo estava confirmado, mas a agonia falou mais alto, e decidi remarcar a viagem para 30 dias.

Mas a companhia aérea escolhida não liberou voos do Brasil para a Itália desde então e, segundo ela, todo mês a viagem era remarcada e era criada uma nova expectativa e esperança. Nessa época, o Brasil já havia sido classificado como país de alto risco, entrando na lista de restrição da Itália, o que a deixou sem saber o que fazer.

Prejuízo financeiro

Visando à nova vida na Itália, Regiane abriu mão da “tão sonhada” festa de casamento, economizou na compra de seu vestido de noiva e celebrou seu casamento no civil com um almoço para poucos convidados. Além disso, o casal vendeu tudo: carro, moto, televisão, computador, guarda-roupa, geladeira e outros pertences, com o objetivo de levar para a viagem somente o necessário.
De acordo com ela, apesar de terem conseguido reembolso de suas passagens em agosto, ela, seu marido e suas duas cachorrinhas Shih tzu precisam morar com os pais dela, pois o casal não tem casa própria ou alugada, não tem enxoval e ela está sem trabalho fixo desde março de 2020, com suas malas prontas, guardadas debaixo da cama.

Desistir do sonho?

Apesar de todo esse “empecilho”, Regiane e seu marido não desistiram do sonho:

Me recusei a desfazer as malas, ainda na expectativa, mas o sonho está se tornando pesadelo a cada dia que passa 😪. Estou mentalmente e psicologicamente bloqueada, me sinto parada no tempo vivendo num looping infinito. Nós não desistimos desse sonho. Ainda tenho ESPERANÇA de conseguir ir para Itália ESTE ANO, ou assim que liberarem as fronteiras.

Viagem para Portugal com colegas

Ana Ferreira, 32 anos de idade, mora no Amazonas, em Manaus, com seus pais e sua filha, de 8 anos de idade, e trabalha em uma fábrica de motores elétricos há 6 anos. Ela também teve seu plano de morar na Europa adiado pela Covid-19.

Arquivo pessoal de Ana Ferreira
Arquivo pessoal de Ana Ferreira

Ana estava se programando desde outubro de 2019 para morar em Brandoa, em Portugal, juntamente com sua filha e duas colegas de trabalho, que desistiram. Mas ela não desistiu, aproveitou o tempo para tirar seu passaporte e de sua filha, e conheceu pessoas que também pretendem embarcar para o país.
Sua programação era ficar na casa de amigos, que moram na cidade há alguns anos, trabalhar como cuidadora de idosos, trabalho que ainda não estava garantido, e dar uma boa educação para sua filha.
No entanto, Ana não possui cidadania europeia e pretende ficar em Portugal como turista até conseguir um emprego para obtenção de visto, o que pode ser arriscado.

Por enquanto vou como turista, como a maioria dos brasileiros.

Prejuízo financeiro

Ana não teve prejuízos financeiros, pois não chegou a comprar as passagens.

Desistir do sonho?

Ana se programa para viajar para Portugal no início de 2021, se tudo voltar à normalidade. Ela, que é separada do pai de sua filha, comemora que ele assinou sua liberação para a viagem:

E ontem eu fiquei mega feliz, pois o pai dela assinou um termo da liberação da viagem dela. Então agora é só aguardar tudo voltar ao normal. 😊. E ela está mega animada pra ir.

Mestrado em Portugal

Pedro Batista, 51 anos de idade, é outro entrevistado que teve seu plano de morar na Europa adiado pela Covid-19. Ele, que embarcaria sozinho, visava participar de seleções para fazer mestrado em Portugal ou de um processo para a obtenção de um visto D2.
A cidade pretendida era Lisboa, também por causa da Universidade de Lisboa, que, de acordo com ele, é a que melhor se encaixa no seu perfil. E, dependendo de sua adaptação na Europa, pretendia ficar por mais tempo fora.

Arquivo pessoal de Pedro Batista
Arquivo pessoal de Pedro Batista

Pedro, que é gestor público e professor, deixou um cargo público em São Paulo para abrir uma pequena agência de viagens, já pensando no seu planejamento para morar em Portugal.

O empreendimento, no meu entender, daria uma experiência profissional em uma área valorizada em vários países e para que eu tivesse a mesma oportunidade para empreender em um novo país.

E, como sua atividade é ligada ao turismo, não criou expectativa para se manter profissionalmente diante da pandemia:

Embora a ideia seja ir sozinho, não tenho o perfil para aventurar-me, ir como turista e ir ficando. Meu plano pressupunha ir com condições de pagar a propina para estudar, conseguir um bom lugar para o arrendamento e em pouco tempo empreender com uma agência em Portugal, especializada em receptivo pra brasileiras e brasileiros.

Pedro disse que se programava para viajar para Portugal em maio de 2020, para participar de uma atividade de estudantes brasileiros na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), de coisas da Casa do Brasil em Lisboa, para conhecer a Universidade de Lisboa e pesquisar lugares para morar.
Segundo ele, voltaria para São Paulo, onde mora, e, dependendo do resultado da seleção na universidade, pediria o visto adequado à situação, de estudante ou de empreendedor.
Mas, por causa da pandemia, seus planos não se concretizaram porque as universidades estavam selecionando. Além disso, de acordo com seu depoimento, também não seria viável empreender, tendo em vista que sua atividade é ligada ao turismo.

Prejuízo financeiro

Em 2019, Pedro organizou seu planejamento, criando uma rede de contatos e pesquisou bastante sobre estudar em Portugal. Visando sua ida em 2020, ele informou que fechou o escritório de sua agência e teve que usar parte de sua reserva para se manter desde março deste ano, desde quando está em isolamento social.

Desistir do sonho?

Assim como nossos colegas deste artigo, Pedro também não desistiu do sonho de morar no exterior, apenas adiou. A alta do euro fez com que suas reservas se desvalorizassem e, enquanto não houver um equilíbrio no câmbio e a valorização da economia brasileira, Pedro diz que não tem como se manter em Portugal no período inicial.
No entanto, ele contou que seus planos mudaram e que vai concorrer a um cargo público. Dessa forma, o motivo de sua ida a Portugal vai depender do resultado da eleição:

Ou irei apenas como turista ou me mudarei para estudar, trabalhar e viver durante alguns anos. Ter um mandato não me impediria pois posso exercer por uma ou duas legislaturas. Meu objetivo é estudar, conhecer a cultura portuguesa e ter a oportunidade de vivenciar a experiência de morar em um lugar que não é o meu. Em não sendo eleito iria no próximo ano.

Já escrevemos um artigo explicando por que o euro não para de subir. Entenda.

Intercâmbio voluntário e doutorado

Amanda Cristina Silva, 32 anos de idade, é mais uma das milhares de pessoas que tiveram o plano de morar na Europa adiado pela Covid-19 e vale a pena contar a história dela aqui também.

Arquivo pessoal de Amanda Cristina Silva
Arquivo pessoal de Amanda Cristina Silva

Em 2019, Amanda terminou seu mestrado em doenças infecciosas e parasitárias e trabalhou para juntar dinheiro e morar de vez na Europa. Ela contou que já estava com tudo pronto para embarcar sozinha.
Primeiro, iria para a Irlanda, onde iria fazer um intercâmbio voluntário para melhorar seu inglês e ficar no país por três meses. Depois, iria para a Inglaterra e iria começar o doutorado em Portugal em setembro de 2020, no Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), para trabalhar em uma vacina para leishmaniose visceral.

Prejuízo financeiro

Sua viagem estava toda programada para maio de 2020, ela já estava com as passagens compradas e ficaria na casa de pessoas por salário e comida no intercâmbio voluntário. Já em Portugal, iria com bolsa de doutorado.
Amanda, que é professora, afirma ter ficado muito tempo sem trabalhar esse ano, pois achava que fosse embarcar em maio. Por isso, só deu aulas até abril de 2020.

Eu vou começar a juntar dinheiro agora, já tinha juntado boa parte ano passado. Só agora consegui aulas.

Desistir do sonho?

Amanda também não desistiu de seus objetivos, que só foram adiados por causa da pandemia da Covid-19. Remarcou sua viagem para março de 2021.

Adiei minha ida para março de 2021 e o doutorado para setembro.

Aposentadoria em Portugal

Adriana Monteiro Torquato, 54 anos de idade, se aposentou em julho de 2020 (trabalhou como professora e gerente de RH). Além da aposentadoria, possui outras rendas e uma clínica de fotodepilação, que é um derivado do laser.

Arquivo pessoal de Adriana Monteiro Torquato
Arquivo pessoal de Adriana Monteiro Torquato

Seu marido, 60 anos de idade, e ela se programam há 3 anos para morar em Portugal. Adriana contou que conheceu Portugal em 2011, mas, segundo ela, foi em 2016, quando viajou para o país com sua família, que se apaixonou de verdade pela terrinha.
Desde então, iniciou o projeto Morar em Portugal. O casal planeja morar nos arredores de Lisboa.

Meu sonho é morar na Graça em Lisboa, mas sei que lá o aluguel é caro.

O casal, que já viajou diversas vezes para Portugal, tem o objetivo de viver da renda que tem no Brasil, mas também trabalhar no país luso, provavelmente em uma microempresa na área do turismo. Adriana disse que o sonho do Beto, seu marido, é trabalhar com antiguidades ou em um museu.

Pensei em fazer transfer e passeios com turistas. Fiz um curso de turismo. O que eu não quero é ficar presa, quero poder viajar para conhecer Portugal inteiro e a Europa toda.

Prejuízo financeiro

Adriana afirmou que estava com a passagem para março 2020 para passear e conhecer um pouco melhor Porto e Lisboa.

Desistir do sonho?

Ela contou que seu planejamento é morar em Portugal em setembro de 2021.

Era março de 2021, tenho que adiar por conta do valor do euro e também por conta de não sabermos ainda quando vamos ter uma vacina.

De acordo com Adriana, com a alta do euro, eles terão menos 30% de seu orçamento mensal desde quando começaram a se programar para morar na Europa, valor que ficaria apertado para duas pessoas se manterem em Portugal sem trabalharem.

Um ano de Covid na Alemanha, saiba o que mudou no país durante o período.

Não desista do seu sonho!

Foram selecionados alguns depoimentos de pessoas que tiveram o plano de morar na Europa adiado pela Covid-19, mas que não perderam as esperanças de morar no velho continente.
Como você viu, são diferentes perfis, diferentes idades, sexos, planos e ambições. Este artigo conta um resumo de cada um dos casos selecionados nas nossas entrevistas, para que sirvam de motivação para você ir em busca de seus objetivos e não desistir nunca! O Matheus já está em Barcelona e nossos outros colegas estão programando sua viagem!
Então, se você tem o sonho de morar no exterior, planeje-se para isso. A pandemia vai passar; não deixe que seu sonho também deixe de existir.
Em nome do Euro Dicas, agradeço todos vocês que me contaram suas histórias e lhes desejo boa sorte!