Morar em um país diferente já é uma aventura por si só. Agora, ter um filho no exterior é algo entre o incrível e o assustador. As dúvidas são muitas e mesmo já estando morando há 3 anos em Portugal (quando a minha filha nasceu), o medo do novo e do desconhecido tomam conta.
Foi preciso bastante pesquisa, confiança no sistema público de saúde português e planejamento para engravidarmos estando tão longe de casa. No Brasil, eu e meu marido tínhamos plano de saúde e sempre recorríamos ao sistema de saúde privado, porém aqui em Portugal optamos por utilizar o sistema público de saúde. Acompanhe o meu relato de um parto normal em Portugal.

Relato de um parto normal em Portugal: o planejamento familiar

Quando chegamos em Portugal, logo nos cadastramos no Sistema Nacional de Saúde (SNS) com o nosso seguro PB4 e fizemos nosso número de utente. Mesmo chegando para morar em Braga em 2014 (quando o número de brasileiros era significativamente menor), tivemos que esperar por um ano até conseguirmos um médico de família em Portugal.
É claro que os serviços de urgência estavam assegurados, mas graças a Deus nunca foi preciso utilizar.
Após um ano de espera, recebemos um médico de família e também uma enfermeira em Portugal responsável para sermos atendidos no Centro de Saúde que nos foi designado.
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Consulta com a médica de família em Portugal

Na primeira consulta com a médica de família, fiz exames de rotina (incluindo o exame de papanicolau) e recebi uma caderneta de Planeamento Familiar (Planejamento Familiar) para a preparação de uma possível gravidez no futuro.
Depois de dois anos da primeira consulta e antes de tentar engravidar, minha médica de família me receitou ácido fólico e requisitou alguns exames para saber se estava tudo certo comigo.
Os exames são feitos em um laboratório da minha escolha e pagamos apenas taxas moderadoras. A maior parte dos custos o governo português subsidia. Todos os exames ficaram por cerca de 17€ . Já cada consulta com a médica de família fica em 4,50€.
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Descobrindo a a gravidez e também a diabete gestacional

Descobri que estava grávida dois meses após os exames pré-natais e marquei uma consulta com a minha médica para confirmar a gestação. No centro de saúde mesmo, uma enfermeira confirma a gravidez através de um teste rápido de urina e faz um teste de HIV com resultado na hora.
O serviço foi impecável e as profissionais que me atenderam foram bastante humanas e queridas. Com a confirmação da gravidez, a médica de família faz uma cardeneta nova, mas dessa vez de gestante. Além disso pede novos exames e passa uma declaração de isenção do pagamento de taxas moderadoras.
Todas as consultas e exames durante a gravidez são gratuitos e durante o puerpério (pós-parto) também. Após o resultados dos exames, fui diagnosticada com diabete gestacional e hipertensão.
A partir de então o meu acompanhamento da gravidez passou a ser feito tanto pela médica de família, quanto por uma obstetra, uma endocrinologista e uma nutricionista no hospital público.

Acompanhamento médico

Por ser uma gravidez considerada de risco (mesmo com 30 anos de idade), minhas consultas eram frequentes no hospital e a cada 3 semanas era acompanhada por uma das médicas.
Por conta da diabete gestacional, ganhei um aparelho para medir a glicose (de graça) em casa e requisições para compra de agulhas e fitas para medicação na farmácia com desconto.
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Preparação para o parto

No final da gravidez, o centro de saúde mais próximo da minha casa me ligou para fazer aulas de preparação para o parto. Ao todo foram 12 aulas com duração de uma hora cada. As aulas foram realizadas com uma enfermeira especialista e extremamente competente.
Os pais também podiam acompanhar as aulas, foram feitos treinos e exercícios de expulsão do bebê e também uma visita na maternidade do hospital para conhecermos as salas de partos e tirarmos dúvidas antes do grande dia.
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Internação

Com 39 semanas, meu parto foi agendado para ser induzido por conta da diabete gestacional. Todo o atendimento no Hospital de Braga foi muito humano. A prioridade no Sistema Nacional de Saúde é sempre pelo parto normal e cesáreas só são feitas em casos de necessidade (posição do bebê, possível sofrimento do bebê sem líquido amniótico, etc).
O parto foi induzido com comprimidos e o internamento aconteceu às 8h30 da manhã. O quarto é individual, com banheiro privativo e muito espaço e privacidade.
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O parto normal em Portugal

Após dois comprimidos para induzir o parto, fazendo exercícios na bola de pilates, a enfermeira pediu que eu tomasse um banho quente para relaxar. Sentada na bola de pilates, minha bolsa rompeu e chamamos a enfermeira.
O rompimento da bolsa foi às 19h e a enfermeira pediu para que eu terminasse meu banho calmamente, comesse alguma coisa da minha janta e perguntou se eu conseguiria ir caminhando até a sala de parto para ajudar no trabalho de parto. Eu topei ir andando e duas enfermeiras me acompanhavam junto com meu marido.
Naquele momento, precisávamos lembrar de levar o kit para recolha das células-tronco (células estaminais em Portugal) que contratamos de uma empresa privada. Aqui em Portugal, é bem comum congelar as células-tronco em laboratórios e várias empresas fornecem o serviço.
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Na metade do corredor, lembramos do kit e meu marido voltou para buscar no quarto. A caminhada até a sala de parto foi muito longa, quase infinita e as contrações não paravam.
Chegando a sala de parto, 5 pessoas estavam na sala: uma enfermeira parteira, uma enfermeira estagiária, um médico anestesista e dois médicos residentes. Como o Hospital de Braga é também um Hospital escola, os estudantes aprendem praticando. Meu marido aceitou que a enfermeira estagiária fizesse o parto e eu nessa hora já não sabia nem mais meu nome.
Me ofereceram uma anestesia epidural e eu aceitei, pois a dor estava muito grande. Foram 2 tentativas de epidural dos médicos residentes, mas sem sucesso. A terceira tentativa feita pelo médico anestesista responsável e deu certo.
Depois de gritar muito, finalmente pude relaxar e curtir a epidural. De acordo com as enfermeiras, a anestesia atrasou o trabalho de parto, porque eu relaxei. Sentia as contrações, mas elas não doíam mais tanto.
Foram 2 horas desde o momento que a bolsa estourou até o nascimento da minha filha, Ana Beatriz. As profissionais de saúde foram extremamente atenciosas e humanas. Logo após ela nascer, ela é colocada em contato comigo e após pesar e vestir a roupinha já foi colocada na maca ao meu lado para mamar.
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Contato mãe e bebê após o parto

Como o Hospital de Braga é um Hospital Amigo dos Bebês, ele segue 10 medidas indicadas pela UNICEF para estimular o aleitamento materno.
O médico não foi necessário na sala de parto. As enfermeiras fizeram todo o trabalho com muita maestria. O médico obstetra passou após o término do parto apenas para verificar se eu e a minha filha estávamos bem. Após o teste de Apgar, ficamos uma hora na sala de parto relaxando e nos recuperando.
Depois dessa experiência incrível, dolorida, mas muito recompensadora, fomos levadas na maca para o quarto novamente e com a minha bebê em cima de mim. Em nenhum momento fui separada dela ou do meu marido. A minha experiência foi muito humana e muito engrandecedora.
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Confie na equipe de profissionais

Com certeza, o parto normal em Portugal vale a pena e os profissionais de saúde são extremamente preparados, bem formados e competentes. Para finalizar, uma frase que retumbava na minha cabeça quando estava indo para a sala de parto era: “Confie na equipe de profissionais, confie na equipe de profissionais”.
Essa frase foi uma das últimas coisas que a enfermeira que ministrou as aulas de preparação para o parto disse. Sinceramente: é a mais pura verdade e ela tinha toda a razão. Num momento esplendoroso e tenso, mas tão longe da nossa casa, confiar em quem vai trazer nosso tesouro ao mundo e cuidar da nossa vida é mais do que importante, é essencial.
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