Inflação e tensões geopolíticas afetaram a economia mundial nos últimos anos. Como está a economia da França, considerada uma das maiores do mundo, diante deste cenário? Neste artigo vamos responder esta pergunta e compartilhar algumas previsões para o ano de 2024.
Economia da França: qual o cenário atual?
Com mais de 67,8 milhões de habitantes, a França se mantém como a 7ª maior economia do mundo e a 2ª maior da União Europeia, apesar do tímido crescimento econômico registrado em 2023.
O Produto Interno Bruto (PIB) francês, segundo estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI), chegou a USD 3,04 trilhões em 2023, representando um avanço de 0,9% em relação ao ano anterior.
Entretanto, o crescimento do último ano foi abaixo dos 2,5% registrados em 2022 e ainda menor que em 2021, quando o PIB país cresceu 6,8% — conforme dados do Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos (Insee).
Para 2024, a estimativa do Banque de France é que o cenário se mantenha relativamente estável, mas com crescimento ainda abaixo de 1%.
Principais indicadores da economia da França
Se você está pensando em morar na França, ou até mesmo investir no país, é preciso acompanhar os principais indicadores para entender a saúde geral da economia e o mercado de trabalho francês.
Os indicadores mostram se a economia do país está crescendo ou encolhendo, se a inflação está aumentando ou diminuindo, se a taxa de desemprego está alta ou baixa, entre outras informações relevantes.
Para facilitar o processo, listamos a seguir os principais dados da economia da França para você.
PIB
O Produto Interno Bruto (PIB) é utilizado para medir a produção de bens e serviços do país em um determinado período. Ele reflete o desempenho da economia e é utilizado para avaliar o crescimento econômico, o consumo e o investimento.
O Insee é o responsável pela coleta e publicação dos dados da econômica da França e divulga trimestralmente para consulta da população. Confira a evolução do PIB nos últimos anos:
Dívida pública
A dívida pública é um indicador que avalia a saúde financeira de um país e sua capacidade de honrar suas obrigações financeiras.
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Cotar Agora →Na França, a dívida pública tem sido motivo de preocupação nos últimos anos, com um nível alto em relação ao seu PIB.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2022 a dívida pública da França equivalia a 111,6% de seu PIB, bastante acima da meta de 60% estabelecida para os membros da União Europeia. Em 2023, a dívida pública fechou em 112,40% com relação ao PIB.
Inflação na França
A inflação mede a variação dos preços dos bens e serviços ao longo do tempo, através do Índice de Preços ao Consumidor (IPC). O indicador também avalia a saúde econômica de um país. A inflação afeta diretamente a vida das pessoas, uma vez que o aumento dos preços reduz o poder de compra da população.
Na França, a inflação é monitorada pelo Banco Central Europeu (BCE), que define metas de inflação para os países da zona do Euro, e pelo Insee.
Para 2024, a taxa de inflação na França projetada pelo Banco Central é de 2,5% — próxima da meta de 2% anunciada pelo Banco Central Europeu no final do ano passado.
Em estimativa provisória divulgada pelo Insee, os preços ao consumidor devem aumentar 2,3% em março, após + 3,0% registrados em fevereiro deste ano.
A queda, segundo o instituto, se deve aos preços dos alimentos (+1,7%), serviços (+3%), tabaco (10,7%), energia (+3,4%) e bens manufaturados (+0,1%).
Em 2023, os preços ao consumidor aumentaram em média 3,7%, o que representou uma desaceleração em relação à média anual de 2022 (5,8%).
Taxa de juros de empréstimos
A taxa de juros afeta diretamente o consumo e o investimento das empresas e dos indivíduos, como, por exemplo, a compra de casa na França.
Na França e na Zona do Euro, a taxa de juros é determinada pelo Banco Central Europeu (BCE), que define o nível de variação das demais taxas com base nas condições econômicas da União Europeia.
Conforme a última atualização do BCE (setembro de 2023), a taxa de juros está em 4% ao ano. O indicador tem sido elevado pela autoridade monetária pelo menos desde setembro de 2019.
Taxa de desemprego na França
A França fechou o quarto trimestre de 2023 com uma taxa de desemprego estável, na casa dos 7,5%, conforme divulgado pelo Insee. A estabilidade se deve ao fato de a taxa ter fechado em 0,1 ponto percentual a mais que o trimestre anterior e +0,4% se comparado ao quarto trimestre de 2022.
O número de desempregados atingiu 2,3 milhões de pessoas, ou 29 mil a mais em relação ao trimestre anterior.
Entre os desempregados, 571 mil pessoas registradas no quarto trimestre 2023 estavam desempregadas e à procura de uma oportunidade emprego na França há pelo menos um ano, significando 33 mil a mais do que no trimestre anterior.
Onde acompanhar os indicadores da economia francesa?
Para acompanhar os indicadores econômicos da França, você pode acessar a principal fonte deste artigo, o Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos (Insee).
Além deste órgão, você também pode consultar os dados e previsões econômicas nos seguintes portais para se manter informado sobre a economia na França:
• Banque de France;
• Eurostat;
• Banco Central Europeu (BCE);
• Banco Mundial.
O impacto dos imigrantes na economia da França
A imigração pode contribuir positivamente para o crescimento econômico de um país. A França, que tem um histórico de acolhimento de estrangeiros, registrou 7 milhões de imigrantes em 2021, correspondendo a 10,3% da população total, sem contar as pessoas que estão irregulares.
Os dados mais recentes são do Insee, que revelam que 2,5 milhões de imigrantes, 36% deles, adquiriram a cidadania francesa desde a sua chegada à França.
A maioria dos imigrantes que vivem na França nasceram na África, dado que corresponde a 47,5% dos estrangeiros no país, seguindo por 33,1% de europeus e 13,6% da Ásia. A população de brasileiros na França corresponde a mais de 80 mil pessoas, segundo o Itamaraty.
Segundo dados do Ministério do Interior, em 2023, foram emitidos 2,4 milhões de vistos para França, um aumento de 40,4% em relação a 2022. E um dado curioso é que o agrupamento familiar deixou de ser o principal motivo para solicitação de residência, ultrapassado pelas solicitações de estudantes.
Isso é um dos resultados das medidas para facilitar a imigração de profissionais qualificados no país, como os detentores do Passaporte Talento. Mas é fato que os imigrantes ocupam os mais variados postos de trabalho na França, desde os considerados subempregos aos na própria área de estudo.
Para se ter uma ideia, na França, 1 emprego a cada 10 é ocupado por um imigrante. Na Île-de-France, a região parisiense, o número aumenta para 1 emprego a cada 5.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que apresenta estudos sobre efeitos da imigração nas finanças públicas, apontou que na França a contribuição líquida dos imigrantes é estimada em 0,25% do PIB do país, média do período 2006 a 2018.
Concluindo que a contribuição dos imigrantes, principalmente nos primeiros 3 anos, para a receita tributária é grande o suficiente para financiar o gasto público adicional gerado por sua chegada.
Previsões para a economia da França em 2024
A perspectiva para economia da França para este ano é de estabilidade, mesmo com um crescimento tímido.
A recente projeção macroeconômica divulgada pelo Banque de France aponta ainda para uma recuperação do PIB nos anos de 2025 e 2026, juntamente com uma taxa de inflação estabilizada em aproximadamente 2% nos próximos dois anos.
Crescimento tímido, mas positivo
Em março deste ano, o Banque de France revisou para baixo a estimativa de crescimento do país. Pela nova previsão, a segunda maior economia da zona do euro deverá crescer 0,8% em 2024 — em vez dos 0,9% anunciados em dezembro de 2023.
Segundo o chefe do Banque de France, François Villeroy de Galhau, a revisão para baixo é resultado do desempenho registrado no final do quarto trimestre de 2023.
Em entrevista ao jornal francês Le Figaro, Galhau afirmou que o país escapará de uma recessão e disse estar confiante em um crescimento mais pronunciado nos próximos dois anos, sendo 1,5% em 2025 e 1,7% em 2026.
A previsão do governo francês também havia sido revisada para baixo em fevereiro, caindo de 1,4% para 1%. Na ocasião, o governo ainda anunciou cortes orçamentários de emergência que totalizam 10 bilhões de euros. Isso tudo para manter os planos de redução do déficit na meta francesa.
Com o atual cenário da economia da França, vale a pena investir no país?
Não há uma única resposta para essa pergunta, mas os indicadores são bastante positivos. De acordo com consultoria Ernst & Young, entre os países europeus, a França lidera pelo 4º ano seguido a atração de investimentos.
Pesquisa realizada pelo instituto em 2023 mostra que quase dois terços dos líderes empresariais entrevistados (204 no total) tinham planos imediatos de investir no país. A pesquisa conduzida pela Ernst & Young foi aplicada entre fevereiro e março do ano passado.
Já dados do governo mostram que, em 2023, a França registrou 1.815 projetos de investimentos, que devem gerar ou manter 59.254 postos de trabalho ao longo de três anos.
Segundo o último Relatório Anual (2023), a abertura de novas empresas na França representou 47% de todos os investimentos, enquanto as expansões 45%.
Na análise do governo, esses números refletem a satisfação dos investidores, a confiança deles no país.
“Continuamos a propor reformas estruturais, criando empregos bem remunerados em todo o país, para facilitar a atividade dos investidores e atrair projetos de investigação, produção, digitalização e descarbonização. É por isso que este ano apresentarei novas medidas de simplificação e atratividade económica”, afirmou Bruno Le Maire, Ministro da Economia, Finanças e Soberania Industrial e Digital.
Um dos pontos positivos destacados pelo governo é a distribuição geográfica dos investimentos estrangeiros. Em 2023, 49% dos projetos e 73% dos investimentos industriais foram realizados em municípios com menos de 20.000 habitantes.
A lei francesa favorece o investimento de estrangeiros no país e muitos brasileiros optam por empreender na França nos setores de comércio de alimentos, estética, entre outros.
Além disso, o país lançou o plano France 2030, que prevê um investimento de 54 bilhões de euros para transformar de forma sustentável setores-chave da economia (energia, automóvel, aeronáutica) através da inovação tecnológica.
Esse plano oferece aos investidores estrangeiros a oportunidade de contribuir para os novos objetivos industriais do país. No Relatório Anual do último ano, 559 projetos registados estão relacionados aos setores prioritários do plano France 2030.
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Quais os melhores setores para investimento?
A França é uma economia aberta, que atrai turistas, talentos e capital estrangeiro. Se você tem vontade de investir na França e não sabe por onde começar, listamos a seguir os setores que estão em alta:
- Pesquisa e Desenvolvimento: desde 2007 a França vem aumentando seus investimentos no setor, que incluem fabricação de automóveis, aeronaves e espaçonaves, produtos farmacêuticos, atividades científicas e serviços de TI e informação;
- Energias renováveis: a França fez da transição ecológica um dos pilares de seu desenvolvimento e tem se comprometido a reduzir sua dependência de combustíveis fósseis, com grande potencial em energia eólica e solar;
- Tecnologia: a França possui um ecossistema de startups em constante crescimento e uma forte presença no setor de tecnologia, com empresas como a Ubisoft e a OVHcloud.
- Agroalimentar: a França é um grande produtor agrícola e, seguindo as tendências atuais, tem se destacado na produção de alimentos orgânicos e sustentáveis. Os produtos BIO são muito apreciados pelo público francês.
Além disso, o país também é um importante destino para investimentos em imóveis e turismo, que como detalhado, é um dos grandes responsáveis pelo PIB da França.
É importante destacar que cada investidor possui um perfil e objetivos. Por esse motivo é importante fazer uma análise cuidadosa do setor em que deseja investir, assim como acompanhar os principais indicadores citados neste artigo.
Histórico da economia da França
Nos últimos anos, a economia da França passou por diferentes desafios que afetaram significativamente o país, levando a uma desaceleração do crescimento econômico com a inflação no bolso do consumidor.
Para entender melhor o cenário atual, fizemos um recorte de três momentos históricos das duas últimas décadas para a economia francesa: a crise de 2008, a pandemia da Covid-19, a guerra na Ucrânia e a recente guerra em Israel.
Crise de 2008 na França
A crise de 2008, também conhecida como “Crise Subprime” ou “Grande Recessão”, deixou sua marca na economia global devido a sua rápida propagação.
Ela ocorreu em 3 etapas:
- Crise do crédito imobiliário nos Estados Unidos;
- Crise financeira;
- Crise mundial.
Para entender melhor como tudo começou: os bancos americanos concederam empréstimos a juros muito baixos para famílias de baixa renda. Eles eram chamados de subprime, porque eram uma ação de alto risco.
No entanto, o Banco Central dos Estados Unidos (FED) decidiu aumentar a taxa de juros desses empréstimos de 1% a 5% entre 2004 e 2006, por conta da inflação. Com isso, muitas famílias não conseguiram pagar suas dívidas e perderam seus imóveis para os credores.
A venda dos imóveis pelos bancos acabou contribuindo para uma queda nos preços do setor imobiliário, devido à oferta maior que a demanda. Ou seja, houve uma desvalorização e prejuízo financeiro, que consequentemente culminou na falência de algumas instituições bancárias.
Assim, a crise financeira de 2008 se transformou em uma crise econômica marcada por uma recessão global. Já que através da securitização, os subprimes eram comercializados nos mercados internacionais na forma de títulos.
2 milhões de desempregados na França
Na França, a crise ficou marcada pela queda da produção industrial e aumento acentuado do desemprego. Entre o final de 2007 e julho de 2009, a taxa de desemprego aumentou dois pontos e atingiu 9,8%, com mais de 2 milhões de pessoas sem trabalho.
O banco BNP Paribas congelou 1,6 bilhão de euros em fundos e outras instituições decidiram fazer o mesmo para reduzir seus riscos, prejudicando o mercado financeiro com um choque de liquidez.
O crescimento anual da França atingiu apenas 0,4%, após um aumento de 2,3% em 2007, com todos os efeitos da crise e a desaceleração do comércio mundial.
Em dezembro de 2008, o então presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou a implementação de um plano de recuperação da economia, com financiamento pelo governo em grandes obras e a concessão de auxílios sociais para estimular o consumo e o investimento.
Essas medidas ajudaram a estabilizar a economia francesa, mas os efeitos da crise foram sentidos por muitos anos.
Crise da Covid-19 na França
A crise da Covid-19 afetou significativamente a economia da França. O país foi um dos mais afetados na Europa, com mais de 38 milhões de casos confirmados e 162 mil mortes, dados de abril de 2023.
As medidas de restrição para conter a propagação do vírus impactaram fortemente vários setores da economia, especialmente o turismo, a cultura e os serviços de alimentação, com uma queda de mais de 50% em 2020, num cenário sem pandemia.
No segundo trimestre de 2020, França registrou uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 13,8%, o pior resultado desde 1949.
Em dezembro de 2020 foi iniciada as vacinações contra a Covid-19 no país, que precisou realizar três confinamentos e fechar suas fronteiras para a entrada de estrangeiros, inclusive para brasileiros.
A flexibilização do confinamento e a reabertura da economia, com a liberação de viagens, deu início em maio de 2021 e foi avançando com o aumento da cobertura vacinal na população.
Medidas para aliviar os prejuízos na economia
Durante a pandemia, o governo lançou as seguintes medidas para retomada econômica da França:
- Plano “France Relance”, com um investimento de 100 bilhões de euros, com o apoio financeiro da União Europeia, em diferentes setores para acelerar as transformações ecológicas, industriais e sociais do país;
- Fundo de Solidariedade, para auxiliar financeiramente com 6 bilhões de euros aqueles que tiveram suas atividades afetadas pela pandemia;
- Linhas de crédito garantidas pelo Estado;
- Suspensão de aluguéis comerciais para empresas com menos de 250 trabalhadores;
- Pagamento de salários para pequenas empresas que mantivessem seus funcionários empregados durante a crise;
- Facilitação do acesso ao seguro-desemprego.
Mesmo com as medidas adotadas, a França finalizou o ano de 2020 com uma queda do PIB de 7,9%. Porém, em 2021, o PIB aumentou 6,8% em volume, registrando uma clara recuperação da economia, assim como a melhoria da situação da saúde.
Guerra da Ucrânia e o impacto na França
A economia francesa começava a se recuperar da pandemia da Covid-19 e passa a sofrer as consequências da Guerra da Rússia contra a Ucrânia, que eclodiu em fevereiro de 2022.
Para começar, a Rússia é o principal exportador de gás, petróleo e carvão para os países da União Europeia, o que desencadeou uma crise energética com as sanções contra o país.
Com o aumento do preço do gás e do petróleo, aumenta o custo de produção das empresas e reduz o poder de compra da população, contribuindo diretamente para a inflação no custo de vida na França.
Em um ano, o preço do gás teve um aumento de mais de 600%. Segundo o Insee, na França, o preço da energia subiu 30% entre março de 2021 e março de 2022. Subindo mais 14,1% em março de 2023.
Medidas para conter a inflação
O governo reagiu com medidas para conter o aumento dos preços, que afetou principalmente o setor de alimentos, como grãos e óleo de girassol, que subiu 15,8% em um ano.
- Cheque energia: auxílio de 100 euros para mais de 5,8 milhões de famílias durante o inverno na França;
- Subsídio para despesa com gás e eletricidade em grandes empresas;
- Desconto de combustível: subsídio de 15 centavos de euro por litro aos distribuidores de combustíveis para ser repassado ao consumidor final;
- Apoio aos setores mais expostos e empresas exportadoras para garantir a disponibilidade de cobertura de seguro de crédito para o comércio;
- Aumento de 4% nos benefícios sociais;
- Refeição completa nos restaurantes universitários por 1€ para estudantes de baixa renda.
Além disso, devido à guerra, a França, através da Lei de Programação Militar, prevê um investimento de 413 bilhões de euros, no período 2024–2030, para repor os estoques e modernizar os exércitos com o apoio da indústria.
Outra ação do governo francês foi acolher os refugiados da Ucrânia. Em 2022, 65.833 ucranianos foram beneficiados com uma autorização de residência temporária (APS) para receber proteção temporária no país.
Guerra de Israel impacta a economia da França?
Não têm sido muito frequentes análises de especialistas sobre implicações econômicas do conflito em Gaza para o continente europeu e, mais especificamente, para a economia francesa.
As poucas análises de instituições de peso do mercado foram publicadas em novembro, logo após o início do conflito (com os atentados do Hamas em 7 de outubro de 2023), projetando impactos significativos caso o conflito ganhasse novas proporções.
Esta foi a linha de análise do grupo Goldman Sachs, projetando que a Europa poderia ser atingida economicamente caso o conflito provocasse uma alta no preço da energia, o que afetaria também os fluxos de comércio, condições de financiamento e a confiança do consumidor.
Já o Rabobank, em análise similar, indicou que uma escalada do conflito poderia também afetar os preços dos alimentos e as taxas de juros.
Por sua vez, o grupo Allianz Trade previu, também em novembro, que o conflito tinha 75% de chances de produzir apenas impactos limitados à economia europeia. Segundo a análise, o conflito pouco afetaria os preços dos alimentos, e por isso não interferiria na inflação.
Outro fato observado na análise foi o de que, embora tenha se elevado rapidamente após o início das hostilidades, em novembro o preço do petróleo já havia voltado a níveis anteriores enquanto o conflito ainda se desenrolava.
Quais as principais atividades econômicas da França?
A atividade econômica de um país é classificada em três setores: primário (exploração dos recursos naturais), secundário (atividades industriais) e terciário (serviços).
Na França, considerado um país com uma das economias mais desenvolvidas e diversificadas do mundo, há uma forte presença nos setores de serviços, indústria e agricultura.
A agricultura na França corresponde a 1/4 da produção agrícola total da União Europeia. Com destaque para o trigo, milho, uvas para a produção de vinhos franceses e pecuária. Porém, esse setor corresponde a apenas 1,6% do PIB do país, segundo os dados do Banco Mundial.
Para se ter uma noção, em 2021 (Insee), os serviços mercantis, que correspondem ao comércio, representaram 56,5% da economia francesa, seguido pela manufatura, mineração e outras indústrias com 13,01%. A agricultura atingiu 1,9%.
Na indústria manufatureira, vale destacar os setores de:
- Telecomunicações;
- Eletrônicos;
- Automobilístico;
- Aeroespacial;
- Armamentístico.
O setor terciário, que representa os serviços, é o que mais emprega e movimenta a economia, com 71,2% do PIB francês. Não é para menos, já que a França é o maior destino turístico do mundo, recebendo mais de 91 milhões de turistas anualmente.
Produção e exportação francesa
A França é o 5º maior exportador mundial de bens e serviços do mundo, com 146.200 empresas exportadoras, conforme registrado no 3º trimestre de 2023.
Em 2023, as exportações subiram para 607,3 bilhões de euros, um aumento de 1,5% cento em relação ao ano anterior. A maioria das exportações tem como destino União Europeia, sendo os principais clientes: Alemanha, Itália e Bélgica.
Segundo o último relatório anual do comércio exterior, produzido pelo Ministério da Economia, as principais exportações francesas são:
- Aeronáutica e espaço;
- Perfumes, cosméticos;
- Produtos agrícolas e agroalimentar;
- Farmacêuticos.
Vale a pena morar na França na atual situação econômica?
Para responder a essa pergunta, é preciso analisar seus objetivos no país, além de sua condição financeira, de trabalho, possibilidade de investimento e o que pretende fazer no país.
O governo francês está realizando diversas medidas para a população manter seu poder de compra e reajusta o salário mínimo francês anualmente, às vezes até mais de uma vez, para acompanhar a inflação.
Eu (Nathane) morei na França, especificamente em Bordeaux em 2022 e fiquei muito satisfeita com tudo o que o país tem a oferecer, desde ao transporte público de qualidade, segurança, oportunidades de cursos profissionalizantes para entrar no mercado de trabalho e um sistema de saúde que funciona. Mas é preciso ressaltar que, em cidades como Paris, o custo de vida é bem elevado.
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