Como diz nosso queridíssimo Fernando Pessoa, “para viajar basta existir”. E desde que me conheço por gente, eu sempre viajava com a minha família. Depois, já adulta, continuei viajando pelo gosto de conhecer outros lugares. E claro, o trabalho como jornalista também me proporcionou viagens inesquecíveis.
Hoje, com o meu filho Luca, eu sigo com os mesmos pés inquietos e o desejo de conhecer o mundo, e dividir histórias com ele. Por isso, para quem busca um pouco de inspiração, conto nas linhas abaixo uma breve história de como saí de Curitiba para viver na Inglaterra. Vamos lá?

O desejo de viajar

Minha vontade de viajar deve ter surgido assim que eu nasci. Ou pelo menos desde que eu me comecei a ter minhas primeiras memórias. Começou com as viagens em família, seja para a casa de praia no verão, ou nas viagens pelo Brasil. E nós exploramos bastante, de carro e avião. Fomos de carro para o Nordeste, descemos as dunas de Fortaleza, comemos acarajé na Bahia e subimos as ladeiras de Tiradentes.
Mais adolescente, comecei a viajar com amigos e nunca mais parei. Viajei de ônibus pelo litoral baiano, dividi o quarto, e muitas risadas, com mais sete pessoas em Parati e passei o ano novo mais inusitado na Chapada dos Veadeiros. Minha base era Curitiba, mas meu coração pertencia a todos os lugares.
E, claro, como não poderia deixar de ser, a minha profissão trouxe ainda mais oportunidades de sustentar essa alma inquieta pelo novo. Como jornalista, conheci cantos da minha cidade que não são visitadas pelos turistas. Pelo trabalho, fui morar em outra cidade e explorei cantos do Brasil que jurei que não existiam.
Conheci Eldorado dos Carajás, atravessei a Transamazônica e comi o melhor peixe em Alter do Chão, no Pará. Com o jornalismo andei de barco pelo rio Madeira, dormi em uma rede em Teresina e tomei Guaraná Jesus no Maranhão. E conheci pessoas igualmente fantásticas, que até hoje são grandes amigos.
Graças a minha profissão, andei pelo cinturão de produção dos Estados Unidos, percorri mais de mil quilômetros, sozinha, pela Rota 66 de James Kerouac e me encantei pela cidade de Chicago.

Voos mais altos

E com o desejo de conhecer ainda mais lugares, tirei seis meses para conhecer a África. Durante três meses morei na África do Sul e viajei por lugares indescritíveis. E outros três meses viajei de ônibus/caminhão para outros países africanos, como Namíbia, Moçambique e Zimbabué.
De lá, a vida me levou para o Sri Lanka por outros três meses, período que troquei trabalho por estadia e alimentação.
Veja aqui 12 coisas a fazer antes de morar no exterior.

Por que fui morar na Inglaterra

Mas a vida é cheia de surpresas e, no meio do caminho, ela me presenteou com o pequeno Luca e, por causa dele, aqui estou na Inglaterra. Chegamos a viver novamente no Sri Lanka por um ano e outros três meses no Vietnã, mas a busca por segurança e estabilidade financeira nos levou para terras mais frias.
E as possibilidades de um futuro melhor para o meu filho pesaram mais na balança, com boas oportunidades de ser fluente em um idioma importante, como o inglês. Sem contar a estabilidade política e financeira, e o fato de não precisarmos pagar escola e plano de saúde.
E como eu tenho cidadania italiana, e o Luca tem cidadania britânica, acreditamos que era a melhor opção. E aqui estamos.

cidade de Market Harborough
Foto do acervo pessoal de Andrea Côrtes

A cidade onde eu moro

Eu moro na Inglaterra desde março de 2018, exatamente na cidade de Market Harborough. Nunca ouviu falar? Não se preocupe, eu também nunca tinha sequer pesquisado no mapa. Mas, forças do destino me enviaram para cá, com muitas malas e muita vontade de explorar o que essa ilha tem para oferecer.
A cidade fica a uma hora de trem de Londres, no coração rural da Inglaterra, no condado de Leicestershire. Com pouco mais de 20 mil habitantes, é um lugar pacato e muito bom para se viver, em especial se você tem filhos. Você tem parques em todos os bairros, com área para as crianças brincarem, e muita área verde.
Além disso, como a cidade se encontra em uma região mais rural, existem centenas de trilhas ao redor do centro que podem ser facilmente alcançadas a pé ou bicicleta. Portanto, para quem dá preferência para esse estilo de vida mais calmo, é uma cidade muito boa para morar. Mas não temos muito agito, já que não existe shopping ou outras atrações de cidades maiores.
Eu conheço muitos brasileiros, especialmente os mais novos e sem filhos, que não gostam daqui justamente por causa da falta de atrações de lazer, como cinema, por exemplo.
No entanto, por ser pequena, você ganha em qualidade de vida, já que não precisa usar o carro para ir ao centro ou ao mercado. Eu moro a 500 metros dos quatro mercados da cidade e da área central, que possui alguns cafés, restaurantes e lojas de moda.
Confira aqui as 10 melhores e maiores cidades da Inglaterra.

Principais vantagens de viver na Inglaterra

Para simplificar, resumi em uma lista alguns dos principais benefícios de viver na Inglaterra, segundo meu ponto de vista. Confira:

  • Segurança;
  • Qualidade de vida;
  • Serviços eficientes;
  • Educação gratuita e de qualidade;
  • Sistema de saúde público e de qualidade;
  • Atividades de lazer e cultura diferenciados;
  • Facilidade para viajar para outros países.

Certamente as vantagens de viver na Inglaterra são bastante atraentes e eu acredito que valha a pena viver no país. Por outro lado, nem tudo são flores e é preciso avaliar os pontos negativos antes de planejar a sua mudança.

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As principais dificuldades de viver na Inglaterra

É claro, os pontos positivos e negativos dependem muito do estilo de vida de cada pessoa, assim como de seus objetivos de vida e desejos. No meu caso, o grande porém de viver na Inglaterra é o clima.
O inverno é rigoroso, para quem detesta frio, e os dias de calor são contados nos dedos da mão. Fora o frio, a claridade dura pouco nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, com o dia clareando perto das 9 horas da manhã e escurecendo a partir das 15h. Ou seja, salve-se quem puder! Sendo que a partir de meados de setembro já começa a esfriar bastante!

Andrea Côrtes em Londres
Foto do acervo pessoal de Andrea Côrtes

Eu, particularmente, não gosto de frio e dias escuros e curtos. Inclusive, muitos médicos recomendam uma espécie de sol artificial para garantir a vitamina D necessária e reduzir a depressão.
O clima ruim e morar longe da família, eu acredito que sejam as maiores dificuldades de viver na Inglaterra. Claro, tem toda a adaptação a uma cultura diferente, e o idioma, caso você não fale inglês. Além disso, o restante é apenas se ajustar a um novo país, mas eu acredito que não seja complicado.
Morar fora do seu país de origem tem seu lado bom e ruim, mas se pensarmos pontos pontos positivos, vale a pena! E com a internet a nosso favor, eu mantenho contato com a minha família no Brasil várias vezes na semana.
Saiba mais sobre as vantagens e desvantagens de morar forar do Brasil.

Como é criar filho na Inglaterra

Uma das principais vantagens de criar meu filho na Inglaterra é a segurança, especialmente porque nós vivemos no interior do país, uma hora trem de Londres.
E como é uma cidade muito pequena, com pouco mais de 20 mil habitantes, tudo é muito tranquilo. Eu me sinto segura de andar na rua, de deixar ele brincar na rua sem perigo ou andar de bicicleta. Aliás, eu deixava a minha bicicleta parada fora de casa, encostada no muro e sem cadeado, e nunca aconteceu nada.
É claro que existe um problema ou outro, mas no geral a segurança é o ponto forte da nossa vida aqui.
Neste artigo conto mais sobre a minha experiência em criar um filho no exterior.

Qualidade de vida

Além disso, a tranquilidade é outro aspecto positivo. Morando perto de campos, fazendas e parques em todos os bairros, você anda muito mais, respira um ar mais puro e ganha em qualidade de vida. No Reino Unido, os fazendeiros são obrigados a manter trilhas limpas em suas propriedades que fazem parte das trilhas nacionais que cortam os países.
Por isso, é muito comum ver famílias inteiras no final de semana caminhando por essas trilhas que te levam a lugares incríveis. E com direito a parar em um delicioso pub inglês para tomar uma cerveja.
Em relação aos parques, algo muito bacana é que o council (tipo de prefeitura), é responsável pela manutenção de todos os parques que possuem playground e área para piquenique. Somente ao lado da nossa casa temos dois parques excelentes.
Veja também quais são os países da Europa com melhor qualidade de vida.

Saúde pública

Com cidadania europeia, e o que eles chamam de “pre-settled status” concedido pelo governo britânico para europeus que vivem no Reino Unido, eu e meu filho temos direito a utilizar o sistema de saúde público.
Eu não vou dizer que ele é maravilhoso, mas funciona muito bem. A ideia é que cada pessoa, dependendo de onde mora, tenha o seu General practitioner (GP). Ele é um médico geral que atende os pacientes em todas as ocasiões. Ou seja, ele é seu primeiro contato caso necessite de atendimento médico. E, se precisar de um especialista, seu GP vai te recomendar para um médico específico.
Como é um serviço público, claro, atendimentos com especialistas podem demorar um pouco mais do que o normal. Mas o serviço é eficiente e de qualidade.
Ainda, crianças em idade escolar não pagam pelas receitas de antibióticos, o que gera uma economia tremenda no orçamento.

Educação pública

O lado negativo? As creches são pagas e bem caras! Em média, paga-se cerca de 45 libras para um dia todo, com comida incluída. No entanto, o detalhe positivo é que todas as crianças em idade pré-escolar, com um dos pais trabalhando, têm direito a 15 horas semanais gratuitas. Caso os dois pais trabalhem, são 30 horas semanais sem custos.
E, a partir dos 5 anos, as crianças vão para a escola pública. Eu acredito que o sistema de ensino inglês seja um pouco ultrapassado, mas é de qualidade. A escola é escolhida de acordo com a área onde você mora, o que é uma grande vantagem em termos de deslocamento. A escola do meu filho fica a 200 metros da porta de casa. O horário é das 8h50 até às 15h15, com lanche fornecido pela escola.
viver na inglaterra com filho
A boa notícia é que a partir da escola primária, você só vai desembolsar com educação quando seu filho entrar na Universidade que, nesse caso, é paga. Outro fato bacana é que todas as crianças recebem cerca de 20 libras semanais, pagas diretamente na conta bancária do responsável, até o fim da idade escolar.
Confira nosso artigo com dicas de como estudar na Inglaterra.

Ficar na Inglaterra ou morar em outro país

Bem, essa é aquela pergunta de 1 milhão de reais. Eu não sei se algum dia cheguei a pensar em ficar de vez em um só lugar. Os pés coçam e a vontade de estar aqui e lá é grande. Mas eu entendo que é importante ter uma base. Se eu tenho vontade de morar em outro país? Com certeza, mas uma série de aspectos precisam ser analisados.
Atualmente, em decorrência de fatores familiares e da rotina do meu filho, sim, ficar na Inglaterra é a opção ideal. Aqui temos escola e saúde gratuita e uma vida relativamente confortável. Além disso, é fácil viajar para outros lugares, o que certamente ganha muitos pontos na lista de prós do país.
Por outro lado, o clima é um dos pontos que pesa bastante na hora de pensar em fugir para outro país. Morar na praia e com calor não é uma má ideia para mim. O frio na maior parte do ano realmente pega e desanima qualquer um que é movido pelo sol. Disso eu realmente sinto falta, mas a gente aproveita ao máximo quanto o verão chega.
Mas como estou nessa vibe de aproveitar o momento e viver o presente, tenho que ser extremamente grata pela oportunidade de morar na Inglaterra.