Já imaginou como é a vida dos músicos brasileiros em Portugal? Seguir a carreira da música fora do Brasil é o sonho de muita gente. Portugal sempre foi um grande consumidor da nossa música brasileira, e é também lar de mais de 150 mil brasileiros atraídos pela qualidade de vida e facilidade da língua portuguesa.

Mas como chegar lá? Será que vale a pena trabalhar com música em Portugal? Como funciona a indústria em comparação ao Brasil? Há boas oportunidades?

Conversamos com artistas brasileiros que vivem e trabalham com música em Portugal em diferentes estilos para te contar todos os detalhes das suas jornadas. Acompanhe!

Como trabalhar como músico em Portugal?

Para trabalhar em Portugal, com música ou o que for, os brasileiros precisam de permissão legal para viver e trabalhar no país. No caso dos músicos, para quem não tem cidadania europeia, a solução é buscar por um visto de trabalho ou de visto de estudante.

Como os músicos geralmente são trabalhadores independentes, os seus serviços são quase sempre pagos com recibos verdes. Ter atividade aberta e fazer contribuições à Segurança Social dá também direito a pedir uma autorização de residência.

Caso você não tenha visto de residência permanente e já esteja em Portugal, deverá pedir ao SEF uma autorização de residência com dispensa de visto, a chamada Manifestação de Interesse. Dessa forma, é possível regularizar a sua situação. Porém, esse método não é o mais recomendado. O melhor é pedir o seu visto ainda no Brasil.

Se você também tem cidadania portuguesa ou de outro país da Europa, ficará ainda mais fácil. Basta entrar em Portugal com seu passaporte europeu e residir sob as mesmas condições dos outros cidadãos portugueses. Ou seja, não precisa de visto.

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Como funciona o mundo da música no país?

Trabalhar com música por si só não é muito diferente do Brasil. Os músicos se apresentam para um público.

Há vários tipos de gig, tipos de trabalho diferentes que se adequam a perfis diferentes de profissionais. Eles pagam um cachê pelo serviço e podem ser recorrentes ou não. Veja os mais comuns:

  • Show em bar ou restaurante: repertório varia conforme o perfil do público;
  • Ambientação em hotel: geralmente voltado ao público estrangeiro;
  • Apresentação em auditórios: melhor remunerados, mais formais;
  • Concerto em festivais: para audiências maiores e com maior visibilidade;
  • Festas brasileiras: idealizadas por outros imigrantes brasileiros saudosos de casa;
  • Apresentação de músico de rua: prática independente que pode ser muito lucrativa.

Além desses exemplos, há também os concertos transmitidos pela internet ou na televisão. E claro, tendo seu próprio trabalho autoral gravado, é possível ter mais fontes de renda.

Mas como se consegue trabalho? Assim como no na música no Brasil, aqui você precisa ser visto para ser lembrado. Acompanhe as dicas!

Conheça outros músicos brasileiros em Portugal

Essa foi a dica que todos os entrevistados nos deram: tenha contatos. Conheça outros músicos brasileiros em Portugal para se juntar à comunidade que se entende e se apoia.

Para começar, vamos te apresentar algumas histórias inspiradoras que podem ser parecidas com a sua.

Conheça Paulinho Lêmos, Kali Peres e a banda The Threw. Esses artistas brasileiros compartilharam com a gente preciosas dicas para ter sucesso na música Portugal.

Paulinho Lêmos: desde 1988 com saudades do Brasil

Poucos músicos brasileiros são tão familiares a Portugal quanto Paulinho Lêmos. O violonista de ritmos clássicos brasileiros encontrou na Europa um público respeitoso e admirador do Samba e Bossa-Nova. Em 1988 ele trouxe sua música para Portugal e, curiosamente, é onde vive e toca a mais tempo sem jamais perder o sotaque brasileiro.

Paulinho Lêmos é músico brasileiro em Portugal
Paulinho Lêmos é um mestre do violão e já tocou em toda a Europa. Imagem de arquivo pessoal

A primeira vez de Paulinho na Europa foi em 1987, quando tocava violão na banda de Beth Carvalho e se viu num festival de Jazz na Suíça. Após ter sentido o gostinho da Europa”, Paulinho se inspirou a buscar um novo futuro para a sua família.

“Com a inflação e crise econômica, estava muito difícil viver no Brasil naquela época, assim como hoje também. Então eu tomei a decisão de vir para descobrir novos horizontes e não me arrependo nada da decisão”, conta.

Desde então, ele já tocou em inúmeros festivais, auditórios, hotéis, bares e restaurantes em Portugal e em Barcelona, onde viveu por 13 anos. Por onde passou, Paulinho fez inúmeras conexões e colaborações, tocando os clássicos da música brasileira e também a sua música autoral.

Mas, mesmo às vezes tendo que viajar a trabalho, ele preferiu firmar raízes no Algarve, onde o sol brilha mais forte e há também público para se ouvir o melhor da Bossa-Nova.

The Threw: a banda brasileira de rock n’ roll no Algarve

O destino uniu três paulistas no Algarve. Andrei Serotini, Rodrigo Silva e Allan Abade estavam em suas jornadas em Portugal quando se descobriram uma banda de rock juntos.

Desde 2016, The Threw anima os bares e as ruas de Faro e já são conhecidos pelas famílias portuguesas, universitários e turistas. O som deles, ao contrário do que a nacionalidade indica, não é música brasileira. Eles fazem sucesso com o rock clássico britânico e americano, performado em um inglês perfeito com muito carisma e originalidade.

Banda The Threw toca Rock no Algarve
Andrei, Allan e Rodrigo: a banda The Threw em um dos cartões postais de Faro, a marina. Imagem de arquivo pessoal

Andrei veio estudar na universidade do Algarve, mas sempre que podia, tocava e cantava em hotéis e bares. Rodrigo deixou a música de rua em Dublin para buscar a cidadania portuguesa e comprou um bar em Faro. Allan veio trabalhar com TI em Portugal, mas a associação de músicos o fez nunca largar a percussão.

Eles já tinham a música em suas vidas, mas foi em Portugal que decidiram seguir carreira juntos. Desde então, aprenderam algumas lições valiosas.

Kali Peres: cantora traz o samba e o pagode às cidades portuguesas

Por onde anda a comunidade brasileira, com certeza a cantora e instrumentista Kali Peres já passou. Seja em Lisboa, Porto ou Algarve, ela leva consigo talento e muita versatilidade com repertórios de pagode, samba e os rocks clássicos favoritos dos gringos. Para além de performar com frequência, ela decidiu estudar música em uma universidade em Portugal.

Kali Peres toca música brasileira no Porto e Lisboa
Kali Peres em apresentação em Lisboa, onde toca o que gosta, o som do Brasil. Imagem de arquivo pessoal.

Foi em 2018 que Kali se mudou para Portugal. Após uma visita a Lisboa em 2016 e de ter passado 3 anos trabalhando na Irlanda como música, Kali se encantou com Portugal.

Ela viveu por um tempo no Algarve, onde descobriu que havia muito mais trabalho no verão devido ao acréscimo de turistas. Adaptou o repertório e tocou em vários hotéis os clássicos amados pelo público estrangeiro, mas sentia falta da música brasileira. Hoje ela se divide entre Lisboa e Porto, tocando as músicas que ama para outros brasileiros imigrantes.

Planeje a mudança com cautela

O processo de mudança para Portugal é complexo. Além de considerar oportunidades em Portugal, é muito importante que se resolva o seu visto de residência para evitar confusões.

Paulinho Lêmos alerta:

“Antes de tomar a decisão para vir para Portugal, tem que pensar bem. Além de pensar bem, tem que preparar os papéis com antecedência, ir ao consulado, pegar o maior número de informação possível. Para não ter problema nenhum quando chegar, com clareza e com autoridade”.

Além disso, é muito importante ter uma reserva financeira de emergência para te garantir uns primeiros meses de adaptação tranquilos.

Esteja atento às diferenças do mercado da música

Especialmente quando imigramos, temos que estar dispostos a nos adaptar a coisas novas. Adaptar o seu repertório ao gosto do público pode vir a ser excelente para o seu trabalho.

“Às vezes a pessoa não canta em inglês, tem um repertório todo de só música brasileira e MPB, você vai ter um nicho muito pequeno para tocar nos bares da noite. Agora, o cara que vem com o repertório de rock n roll clássico, bandas inglesas, etc, é o mais importante”, destacam os músicos do The Threw.

Porém, é preciso levar em conta que há espaço para todo tipo de gênero e estilo musical. Só tem que saber onde querem te ouvir.

Os músicos do The Threw destacam que “há músicos, por exemplo, tocam música internacional se for preciso mas também tocam em todos os restaurantes, hotéis e resorts que pedem Bossa Nova. Nesses círculos eles tocam mais música brasileira aqui do que no próprio Brasil”.

Lisboa, Porto ou Algarve?

Cada caso é um caso. Dependendo do músico, dos contatos e das oportunidades, há mais chances de sucesso em Lisboa, Porto ou Algarve.

Mas há alguns perfis que se adequam mais às diferentes regiões e diferentes mercados.

Como é o mundo da música em Lisboa

A zona de Lisboa tem vários espaços e eventos que se dedicam especificamente ao público brasileiro. Assim, não faltam oportunidades, há sempre espaço para novos músicos e ouvir música brasileira nos restaurantes e bares é muito comum.

“Lisboa tem muito mais oportunidades, isso não dá para negar. Muitos espaços a serem ocupados”, destaca Kali Peres.

Se você está em busca de fazer show atrás de show, Lisboa é o seu lugar.

Como é tocar no Porto

A cidade do Porto já apresenta mais integração de portugueses e brasileiros na música. Há bandas de samba com portugueses e não se vê tanta exclusividade de nacionalidades como em Lisboa.

O Porto é a cidade mais recomendada para músicos de rua em Portugal
Por outro lado, nota-se maior dificuldade para entrar no mercado de trabalho em meio a músicos consolidados. Mesmo assim, o Porto continua sendo o lugar mais indicado para os músicos de rua em Portugal.

Como funciona o mercado no Algarve

Já a região do Algarve é completamente diferente da dinâmica do restante de Portugal.

“No Algarve, a gente funciona muito no verão. A nossa zona é turística, então a gente funciona em junho, julho e agosto com, digamos, um fluxo de trabalho. Agora, por exemplo, Lisboa e Porto, funcionam o ano todo”, destaca Paulinho Lêmos.

Durante o verão, o Algarve triplica a sua população e tem eventos com frequência para atender aos turistas. Hotéis, restaurantes e vários festivais são os principais contrantes de músicos.

Além disso, há maior público estrangeiro e saber falar inglês torna-se uma habilidade muito valiosa entre os bares e pubs. Cidades maiores como Faro e Portimão, porém, continuam tendo vida no inverno. Como lembra o The Threw, “Nos invernos que passamos em Faro, sempre tínhamos uns lugares com apresentações fixas para os estudantes da universidade”.

Tenha abertura para a música de Portugal

Por que não aproveitar a oportunidade de estar morando em Portugal para absorver um pouco da cultura portuguesa?

Paulinho se adaptou tão bem que protagonizou um projeto chamado ‘Saudades do Brasil em Portugal’, onde revistou músicas clássicas de Portugal em estilos brasileiros. “Desde que eu entrei na música portuguesa, já não saio mais. Agora algumas músicas já fazem parte do meu repertório.”

Esse diferencial também faz de Paulinho um músico muito além de brasileiro. Afinal, hoje ele também é cidadão português, e mais que nunca, multicultural. É uma ótima ideia para os músicos brasileiros em Portugal que estão dispostos a aprender culturas novas.

Considere fazer faculdade de música em Portugal

Estudar música na faculdade em Portugal é uma ótima ideia para quem quer trabalhar na área no país. Além de aprender sobre o tema numa perspectiva nova, os brasileiros estudantes no ensino superior em Portugal têm direito a um visto de residência, que permite trabalhar nas horas vagas.

Alguns das melhores instituições com cursos superiores da área da música em Portugal são:

Veja também como estudar em Portugal, o que é preciso, quanto custa e outras dicas.

Entenda que as coisas não serão iguais ao Brasil

Em Portugal, você vai estar vivendo uma realidade diferente. As pessoas têm outra cultura. Além de você precisar saber tocar bem sua música, é preciso saber lidar com os contratantes. Os portugueses fazem negócios de forma diferente dos brasileiros. Muitas vezes são mais diretos, mas também mais rígidos.

“Uma coisa que eu vejo que faz dar errado, é quando o cara vem trabalhar aqui e não faz questão de se adaptar à cultura. O cara se frustra muito, até em relação interpessoal com o gerente do bar, etc. Isso tem sido um aprendizado para nós”, alertam os músicos do The Threw.

Se integrar em Portugal pode ser um processo demorado para algumas pessoas, mas essa fase de adaptação passa.

Invista no seu trabalho autoral

Se você tem interesse em trabalhar também a sua música autoral, Portugal pode ser o lugar ideal para te dar espaço.

A Kali Peres conta um pouco sobre essa experiência.

“O português é um povo que gosta muito de conhecer coisas novas, que tá muito aberto à questão da música independente e do trabalho autoral. Se tu tens um trabalho autoral, as tuas composições, a tua música, tua banda, aposta nisso, que é uma coisa muito valorizada.”

Ou seja, ter o seu trabalho autoral bem divulgado pode te abrir muitas portas em Portugal e em outros países europeus.

Quanto ganha um músico em Portugal?

É difícil dizer com exatidão quanto ganham os músicos brasileiros em Portugal, ou mesmo os portugueses. São muitas as variáveis que alteram os ganhos. Depende do profissional, do nível de profissionalismo, dos clientes, da época do ano, da duração da apresentação, se vai ou não dividir cachê e por aí vai.

Quanto ganha um músico em Portugal

Um músico que toca num bar ou hotel, por exemplo, pode receber um cachê de 70€ a 120€, em média. O valor do cachê é negociado com a gerência do estabelecimento, e, claro, é preciso saber defender o seu trabalho e a classe de músicos.

Apresentações em casamentos costumam ser melhor remuneradas e concertos em festivais ou auditórios também costumam pagar bem. Músicos de rua também podem fazer bons lucros, dependendo da localização e época do ano.

Há aceitação da música brasileira em Portugal?

Apesar de todas as diferenças culturais entre Brasil e Portugal, uma coisa é certa, os portugueses respeitam a música brasileira.

Kali Peres afirma que “eles adoram. Dançam e cantam junto as nossas músicas e consomem muito a nossa cultura.”

Muito mais que qualquer outro país europeu, Portugal possui essa familiaridade com o Brasil. Desde falarmos a mesma língua a assistirmos as mesmas novelas.

Então não se surpreenda se vir um português cantando algumas músicas famosas brasileiras como Morango do Nordeste, Garota de Ipanema ou Vai Malandra.

Dicas finais para trabalhar com música em Portugal

Além de talento e paixão pela música, todo artista precisa estar ativo, conhecer as pessoas certas, mostrar o que sabe – ao vivo e online, e “saber chegar” para vender bem seu trabalho. Unido a tudo isso, os músicos brasileiros em Portugal são imigrantes. Por isso, têm que lidar com mais alguns desafios do processo migratório.

Mas, uma coisa que nós do Euro Dicas sabemos bem é que com paciência, organização e planejamento, morar em Portugal torna-se simples e gratificante.

Então, antes de comprar a passagem para Portugal, aqui estão algumas boas dicas para quem quer vir trabalhar com música:

  • Planeje em detalhes a mudança, o visto e a reserva financeira para os primeiros 6 meses;
  • Pesquise o mercado ideal para o seu estilo musical;
  • Considere adaptar o seu repertório e conheça a música internacional;
  • Faça conexões com outros músicos brasileiros em Portugal;
  • Mostre a sua música sempre que possível;
  • Esteja presente nas redes sociais e publicite o seu trabalho autoral;
  • Entenda que estar fora do país de origem pode ser complicado e requer adaptação.

O que dizem os artistas brasileiros em Portugal?

Assim como Paulinho, Kali, Andrei, Rodrigo e Allan, você também pode ter sucesso na música em Portugal. O que todos os nossos entrevistados têm em comum? Estão vivendo o sonho de trabalhar com o que amam, tocando as músicas que querem em um ambiente que escolheram, sempre ativos!

“Pensar em voltar para o Brasil, penso sempre, mas não para morar. Existem muitas coisas em Portugal que infelizmente o Brasil não pode te proporcionar. Mesmo que tenha estabilidade financeira no Brasil, coisa que com a música lá é muito difícil alcançar, a qualidade de vida e segurança fazem muita diferença”, pondera Kali Peres.

Os músicos do The Threw reforçam a importância de persistir. “Acredite no seu potencial, você consegue se insistir, vai cair muito, mas tem que estar pronto para dar às caras. Tem muita gente que chega, não se adaptar e vai embora. Tem que fazer coisa que às vezes nem gosta muito. Conhecer pessoas, mostrar sua música, fazer contatos, não andar só com brasileiros. Tem que entender que a fase de adaptação passa”.

Já Paulinho Lêmos relembra os desafios de quem chega para trabalhar com música em Portugal. “O desafio é tentar melhorar sempre a sua música. Atualizar seu material, divulgar na internet. Tem muito músico que vira músico no avião. De repente decide que vai ser músico aqui, chega e compra um pandeiro. Antes de tomar a decisão tem que pensar bem e tratar da papelada. Boa sorte para todo mundo e tem espaço para todo mundo”.

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